A famosa Gripe do Pasquim

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A famosa Gripe do Pasquim

A famosa gripe do Pasquim   

Quem quer trabalhar com o povo e pelo povo deve saber compreende-lo e tem obrigação de se comunicar com clareza e objetividade Ser positivo, ser alegre na fórmula, criar uma situação positiva e o conteúdo não fica prejudicado. Nossa homenagem a esses gênios que usaram o humor para fazer nossa sociedade avançar.  A famosa “Gripe do Pasquim”

O Pioneiro inspirador

A grande maioria de nos ainda não havia começado a estragar esse planeta quando esse inteligente brasileiro já usava com mestria uma ferramenta sensacional para influir na sociedade brasileira, o Humor. Sr. Apparício Fernando de Brinkerhoff Torrelly, que se auto proclamou “o Barão de Itararé”. E assim se explicava: Meu título é tão verdadeiro quanto a batalha (que nunca houve). No início do século XX como jovem jornalista ele sacaneava a disciplina do colégio Jesuíta em que estudava no jornal Capim Seco (São Leopoldo RS). Abandonou o curso de medicina para atuar como jornalista. Foi um sucesso no jornal A manhã, (Rio de Janeiro RJ) de Mario Rodrigues (pai de Nelson Rodrigues) e promoveu um fenômeno quando passou a editar o jornal A Manha.     Filiado ao Partido Comunista Brasileiro frequentou várias vezes as prisões políticas. Cansou de ver seu escritório ser invadido pela policia política (DESPS) de Getúlio Vargas de quem sempre foi ferrenho contestador.                                                                                                                 …………Leiam  abaixo nota sobre a (DESPS).

            O barão reagiu a essas constantes visitas da repressão colocando em sua porta o aviso: Entrem, sem bater!

 

 

Na condição de vereador cassado despediu-se da vida pública com a seguinte pérola: Deixo a vida pública para entrar na privada!  Entendemos o humor como uma das melhores maneiras de difusão de ideias. Você pode ser sério nem ser necessariamente sisudo. O humor é leve, portanto de fácil “digestão”. Claro, é alegre e isso provoca assimilação e difusão. Quem quiser falar ao povo deve ser suficientemente inteligente para não esquecer do humor.

Certamente os criadores de O Pasquim conheceram e respeitaram o Barão de Itararé para criar uma publicação que abrigava enormes talentos da cultura brasileira sempre a serviço de avanços políticos e sociais para nossa sociedade. Ninguém seria capaz de imaginar que uma publicação libertária num período onde a política era conduzida de maneira tão tacanha não tivesse constantes e sérios problemas com a censura (que aliás era prévia) imposta pela repressão. A mais marcante delas foi ……

 A famosa “Gripe do Pasquim”

A famosa “Gripe do Pasquim”, período de dois meses em que nove dos jornalistas do semanário ficaram presos não foi uma “cana dura”. Ficaram presos durante os meses de novembro e dezembro de 1970. É claro que apenas o fato de ser preso naquela época já era uma barra difícil de aguentar. Era a época do governo Médici, o período mais duro do regime, e tudo podia acontecer. Até a morte.

Foram presos Paulo Francis, Ivan Lessa, Ziraldo, Luiz Carlos Maciel, Paulo Garcez, Flavio Rangel, Sérgio Cabral, Tarso de Castro e Fortuna.

                        

Durante o período de cana, o jornal manteve-se em circulação. Millôr Fernandes, Henfil e Martha Alencar editaram. E vários artistas e intelectuais se juntaram para ajudar na edição. Colaboraram, entre outros, Chico Buarque, Antônio Callado, Odete Lara e Glauber Rocha. A prisão ficou conhecida como “A Gripe”, pois era com esta ironia que justificavam no jornal a ausência da maior parte da equipe. Além de fazer seus desenhos, Henfil também fez cartuns imitando o estilo de cartunistas presos o que deixava os militares intrigados. Pô!, diziam, saiu um desenho do Fortuna. Mas o Fortuna não está aqui preso?

Essa cana foi motivada pela afronta (discurso da repressão) do jornal contra o civismo brasileiro onde o cartunista Jaguar  parodiou o quadro de Pedro Américo sobre a cena da independência (?) do Brasil.Vejam….. 

          

Jaguar | Montagem a partir de “Independência ou Morte” | Original de Pedro Américo | O Pasquim | 1970

Dom Pedro grita “Eu quero Mocotó”, refrão do sucesso de Erlon Chaves, finalista do Festival Internacional da Canção de 1970. Por essa charge, considerada  “extremamente desrespeitosa” pelas autoridades, a equipe do Pasquim ficou detida por uma semana.

Essa versão de O Pasquim de autoria do Ziraldo sobre um dos slogans de propaganda nacionalista da ditadura, “Brasil, Ame-o ou Deixe-o” também deu muito trabalho, ou dor de cabeça ao pessoal do Pasquim. 

          

Ziraldo | “Ame-o ou deixe-o” | O Pasquim

Outra criação marcante do Pasquim sobre esse slogan foi a versão idealizada pelo Ivan Lessa.Quando a ditadura militar criou o slogan “Brasil: ame-o ou deixe-o”, Ivan Lessa publicou a resposta: “O último a sair apaga luz do aeroporto”. 

Durante nove anos, Ivan Lessa esteve no jornal “O Pasquim” uma página chamada “Gip! Gip! Nheco! Nheco!”, com frases de um humor afiado

http://www.globo.com/   Morreu nessa sexta, 08/06/12 o escritor IVAN LESSA, ele tinha  78 anos e sofria de enfisema pulmonar. Morando em Londres desde 1978, o escritor era filho de Origenes e Elsie Lessa. Nascido em São Paulo, criado no Rio, fez parte do grupo que fundou o Pasquim em 1969.Inspirado em Sigmund Freud, criou  o ratinho Sig que se tornou símbolo do jornal.  

O escritor Ivan Lessa se ocupava basicamente de escrever crônicas sobre as atualidades brasileiras. Nesse auto-exilio passou a se referir ao Brasil como o Bananão.

DESPS  A Delegacia Especial de Segurança Política e Social (DESPS) foi criada em 10 de janeiro de 1933 pelo Decreto n° 22.332 com o objetivo de entrever e coibir comportamentos políticos divergentes, considerados capazes de comprometer “a ordem e a segurança pública”. Era diretamente subordinada à Chefia de Polícia do Distrito Federal e possuía uma tropa de elite, a Polícia Especial. Constavam de suas atribuições examinar publicações nacionais e estrangeiras e manter dossiês de todas as organizações políticas e indivíduos considerados suspeitos.

A DESPS serviu de modelo para a criação de delegacias estaduais, já que à Chefia de Polícia do Distrito Federal cabia determinar as diretrizes básicas do controle social a ser exercido pelas polícias dos estados, ainda que estas fossem formalmente subordinadas aos governos locais. Para essa centralização foi decisiva a atuação de Filinto Müller, homem de confiança de Vargas e chefe de Polícia do Distrito Federal de 1933 a 1942.

 

Censor trabalhando na redação do jornal “O Estado de São Paulo”

Cako Machini
Cako Machini
Desde 1953 também responsável pelo mundo que vivemos. Publicitário, marqueteiro, empresário. Criativo, amante das artes. Resolvido a viver o Outono de sua Vida junto a natureza, priorizando as palavras e as viagens.

2 Comments

  1. Bella disse:

    Show de bola!!!
    beijocas da amiga Bella

  2. […] quiser conhecer melhor sobre O Pasquim leia o tópico “ A  famosa gripe do Pasquim”                            Leiam também “Vandalismo Institucional” leiam e se […]

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