Baba de Moça… Com muita pimenta!

                          Esse texto fala “também” em gastronomia. São três capítulos, ou                                                                     três pratos, sirva-se da forma como melhor lhe aprouver. Bom apetite.

Capítulo III

O olhar dele começou sério, passou a ser curioso apreensivo. Diria até que expressava um certo medo.

Eu estava em pé, firme bem a sua frente. Vestia uma longa saia hippie. Com a mão esquerda fui puxando e levantando. Mostrei a ele o tecido amontoado, e claro, deixando bem a mostra minhas coxas. Meti a mão direita dentro da minha calcinha. Ficou claro que eu mexia em minha buceta. Exibi os dedos lambuzados da minha excitação.
Estiquei a mão, esfreguei meus dedos nos lábios dele. Meu gosto foi sentido em completo silêncio. Ele estava paralisado. Não uso o termo inerte por que meus instintos diziam que ele estava muito envolvido nessa surpresa.

Aproximei meus lábios, deixei os dedos, dividimos e misturamos os sabores de nossas bocas e da minha buceta. Foi um beijo louco, nossas línguas nos violavam e nos violentavam.
Como somente a boca dele reagiu, minhas mãos tomaram a iniciativa de livrar a mim e a ele daquelas desnecessárias roupas.

Ele reagiria, nem que preciso fosse rasgar sua pele. Minhas unhas fincadas em suas costas acordaram aquele desejado corpo que passaram a me explorar despudoradamente.
            – Queria sobremesa? Escolheu Baba de Moça? Experimenta essa versão super apimentada.
Selvagemente nos grudamos. Nossos corpos se percorriam e se exploravam com se tudo aquilo fosse inédito para ambos.

Quem tanto elogiou a cozinheira, não esperava que degustar a própria seria sua maior experiência gastronômica.

Capítulo I

               – Vocês não sabem do que essa mulher é capaz. Tudo o que ela faz é delicioso. Ela
nunca decepciona ninguém. Ela enlouque a gente com seu talento.
Ele nunca poupou elogios aos meus dotes. Meu ego incha quando ele começa a falar.

            – Ela tem mãos mágicas, é criativa, mexe maravilhosamente bem. Vocês não fazem ideia do que a fornalhinha dessa mulher é capaz.
Ela me surpreende, ela se supera, ela inova. Nunca, nunca, nunca me deixou insatisfeito.
Adoraria tê-la só pra mim. Mas seria um egoísmo cruel privar a humanidade de tanta mestria.
Quem nunca experimentou de seus talentos não sabe o que está perdendo.

Capítulo II

Pena que os sensores desse cara estão voltados somente para meu desempenho como cozinheira. E olha que nem sou profissional. Mas afinal, ninguém nunca ouviu falar em Culinária Sexy?
Pra que pensam saber misturar ingredientes. Inovar sabores. Culinária Sexy, onde todos os sentidos se mostram, e os instintos também.
Quando fomos apresentados, aproveitei uma conversa sobre culinária e fui logo convidando o gostoso para ir comer lá em casa. Explicitamente isso ir comer na minha casa. Claro que cumpriria o script até o fim. Prometi um Filé ao Vinho tinto. Iscas de Muzarrela e Pudim de Pão. Fiz tudo direitinho e no capricho. Fui elogiada intensamente, minhas mãos foram beijadas, mas o cara levou o respeito sério demais. Ele é ótimo, trouxe um excelente vinho, conversa muito bem… Mas cadê o biscoito? Cadê o leite quente? E o pecado da Gula, como fica?

Esse tom de pele acobreado. Essa voz meio rouca. Esses cabelos desalinhados. Esses +- 1,80 m comportam muito bem distribuídos uns 90 Kg que, aposto, são carne de primeira. Não, desse segundo jantar ele não escapa. Quem está com fome sou eu. E, eu sou ou não sou um banquete pra 400 talheres?

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