–Ligo?

– Será que ele vai ligar?

Dúvidas de um casal iniciando um relacionamento.

– Estou ligando. Alguém precisa dar o primeiro passo.

A pessoa que recebe a ligação, mesmo após já ter lido no visor o nome do elemento aguardado ouve a identificação e ataca de Ingênua.

– Poxa! É você…

Com cinco minutinhos de uma conversinha básica, surge uma oportunidade interessante.

– Eu…, não, não estou fazendo nada sério. Acabei de preparar uns Bolinhos de Chuva.

– Ficaram bons?

– Acho que sim.

– Posso conferir? Você guarda uns pra mim

– Guardo…

Hora e meia depois, eu estava andando com muita atenção numa estradinha de terra procurando o endereço de quem já havia conversado muito porém não conhecia pessoalmente. Milagres da Internet.

Outra hora e meia de conversinhas superficiais… Os bolinhos praticamente já haviam acabado, estávamos no segundo café.

Parece que havia um roteiro a ser cumprido. Nessa cena os personagens ficam mais próximos, os olhares mais invasivos…

Confesso que os bolinhos estavam tão bons como qualquer outro. Ajo rápido para não ser inconveniente. Digo que a atmosfera, e a pessoa que agora conhecia pessoalmente eram bem mais interessantes.

Ela sorriu internamente. Um pouco do seu riso ficou expresso em seus olhos.

Roubei um selinho. Silêncio. Roubei outro. Meus lábios foram presenteados.

Os corpos se aproximaram. Minha mão foi tocada. O Joelho dela também.

Puxei seu pé para cima da minha perna. Molhei meus dedos com saliva, passei a umedecer o dedo médio daquele pé esquerdo. Surpresa e satisfeita me gratificou com um sorriso.

Massageei todos os dedos do pé daquela mulher que me excitava. Não subestime o efeito de alguma coisa excêntrica no corpo de uma mulher sensível.

Bocas mudas trocam beijos. As mãos se tornam mais curiosas. Ela redesenha o contorno do meu rosto. Eu agrido seu joelho. Descobri que existe ligação direta entre o flanco posterior do joelho dela com sua reserva de libido. Cada apertão uma convulsão.

Existia outra conexão secreta. O ponto de alarme fica onde começa a virilha. Aperte, surpreenda-se. É excitante para ambos.

Não quero tocar diretamente o sexo dela, isso é para pessoas afoitas e sem imaginação. Ela faz ar de torturada.

Juro que fomos tele transportados para o quarto. Algum anjo (decaído, claro) tirou nossas roupas.

Conferi coxas lindas que resolvi mordiscar na parte traseira. Subi para suas nádegas. As mordidas não doíam, mas provocaram uma comemorável revolta da parte da agredida.

Foi estabelecida uma batalha, as armas eram a língua e os dentes. Não ficou um só centímetro de nenhum dos corpos sem ser explorado. Levem a sério… Nenhum centímetro foi desprezado.

Como faço pra explicar que foi ela quem me introduziu em seu corpo? Afiem, desafiem a imaginação e idealizem uma longa batalha. Se disputava quem ficava por cima. A passividade do outro era imposta com golpes baixíssimos.           

Produzidos sons irracionais misturados com expressões impublicáveis.

Empate técnico depois de muitos e muitos rounds.

Sorrisos, afagos, confissões, elogios…. Muita paz.

Dividindo o mesmo lençol ficamos um bom tempo fazendo a segunda coisa que melhor sabemos fazer…conversar.

Uma proposta indecorosa. – Eu te ajudo, vamos fazer mais bolinhos….

Temos certeza que nossa causa é justa. Pelo menos em nosso Mundinho já está decretado. 23 de Novembro – Dia Internacional do Bolinho de Chuva.

E um salve muito forte para todos aqueles que sabem reconhecer a felicidade.