Já viajei muito com o objetivo específico de participar/assistir festas religiosas. Cito muito quando estou descrevendo lugares visitados o termo Atmosfera. Gosto da Atmosfera das festividades religiosas.

Conhecer, participar das festividades religiosas em São Roque foi uma bela surpresa.A comunidade se envolve muito fortemente, tanto em presença como em empenho.

Lembrando que o município tem menos de 80.000 habitantes, o volume de pessoas que tomou as ruas e fez o percurso era muito expressivo. Lembrem dos meus hábitos e acreditem que essa multidão nada tinha de desagradável ou temeroso.

 Dois santos dividem os altares da igreja matriz e as honras da procissão. São Roque e N Sra. da Assunção.Até no calendário essas duas entidades andam juntas. São Roque é festejado no dia 16/08 e N Sra. da Assunção é louvada no dia 15/08.

O ambiente é ótimo. Não encontrei bagunça, baixaria. As pessoas estão inseridas do contexto dos festejos.Bastante interessante é ver que duas manifestações normalmente presentes em outras festividades.

 Nas comemorações de Corpus Christ o toque artístico é dado pela confecção dos tapetes ao longo do trajeto da procissão. Aliás, essa pratica está em franca ascensão.

Já existem variações sobre os materiais utilizados. É crescente o número de cidades que adotaram a pratica e entre as cidades mais tradicionais está havendo uma disputa pelos turistas que apreciam seus tapetes.

Outra pratica que me surpreendeu foi a gana por segurar os apoios do andor de São Roque. Em Belém, PA, nas comemorações do Círio de Nazaré, os fiéis disputam com muita força física um lugar na corda. Isso é notório. Eu francamente não sabia da replicação do hábito em qualquer outro lugar.

Sob o andor de São Roque havia uma verdadeira multidão disputando um mínimo espaço nos mastros de sustentação.

Se essa pratica se intensificar, e acredito que isso será inevitável e previsível, os organizadores deverão assumir a tradição paraense e instituir uma corda. Pelo menos haverá mais espaço para os fiéis.

Em Belém os fiéis querem tocar na corda ou para assegurar o sucesso de algum pedido a santa ou oferecer o sacrifício em gratidão por alguma graça alcançada. A motivação dos fiéis de São Roque devem ser as mesmas. Não perguntei a respeito.

A cultura popular conta que a tradição da corda na procissão do Círio de Nazaré começou por conta do altar que puxado por animais, num dia terrivelmente chuvoso acabou atolando (1885). Um comerciante ofereceu aos organizadores uma corda e a força da população desatolou o andor.

Memória. Quando eu era criança (década de 1960) muitas crianças, principalmente meninas, eram vestidas de anjos e acompanhavam assim a promissão. Minhas lembranças são sobre o bairro da Penha de França em São Paulo. Dia 8 de Setembro era feriado. Lembro muito bem da presença do cardeal Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta. Lembro da presença de um prefeito.

Muitas crianças, são trazidas vestidas com a túnica marrom de São Roque. Notei vários adultos também caracterizados. Bem interessante também ver muitos cães também usando a túnica de São Roque.

Gosto da forma como a cidade leva a sério o critério de padronizar o uso das cores Marrom e Amarelo. Os edifícios públicos usam essas cores como padrão e nas festividades, balões, fitas, faixas, todas as peças de decoração são produzidas em marrom e amarelo.

Lembrando que o francês Roque quando se isolou na floresta temendo contaminar         as pessoas com a peste que havia contraído, somente sobreviveu por receber diariamente um pão trazido por um cão, também vemos muitos animais             caracterizados ou não acompanhando seus donos no percurso da procissão.

Nota.                                                                                                                                          Assunção, Auxiliadora, das Dores, Imaculada, da Penha, da Conceição, Aparecida. Todas essas denominações são referidas a Maria mãe de Jesus. Que é sempre referida como Nossa Senhora e recebe uma identificação diferenciada conforme a invocação, a aparição ou etapa de sua vida. N Sra. da Assunção é uma denominação recebida em função do fato de Maria ter ido aos céus (ascensão) em vida.

Comentando…....Claro que como toda festa de rua, são montadas muitas barracas para servir aos presentes. Duas coisas interessantes. As barracas são montagens industrializadas em metal e cada barraca é explorada por alguma entidade da cidade. Elogiável quando se percebe que ninguém arrendou nada pra nenhum comerciante, são os próprios moradores que operam as barracas. Parabéns população.

Capela Histórica de Santo Antonio

A procissão começa no final da tarde. Vale a pena ir a São Roque e fazer um programa mais completo.

Visitar a capela de Santo Antonio é um passeio que reúne relax (você estará em área de vegetação preservada, junto a um lago), com cultura. Marco histórico que tem história , vejam.

Primeiro o correto seria se referir ao local como Sítio Santo Antonio. Dessa forma todo o conjunto fica devidamente valorizado.

Fernão Paes de Barros era um Bandeirante, na verdade um grande financiador de Bandeiras. Construiu a casa grande e montou o sítio em 1681. No interior da casa grande já havia uma capela. A capela edificada numa distância de +- 40 metros da casa grande foi erguida nos anos seguintes.Esse conjunto é tido como as mais antigas construções de Taipa de todo o estado.Outro dado importante é citar que Fernão Paes de Barros lá morava com a família e mantinha uma quantidade considerável de índios escravizados e de mamelucos.

Para o sustento de tantos foi implantado um sistema de policultura. Existe registro que a propriedade chagava a exportar trigo para a Europa. Fica assim demonstrado que a maneira portuguesa de se orientar para a monocultura era erradíssima e só causou atrasos e prejuízos em todos os sentidos.

Em 1947 o imenso intelectual Mário de Andrade adquiriu a propriedade para posteriormente doá-lo ao Patrimônio Histórico Cultural.

Não procure dificuldades o Sítio Santo Antonio fica a +- 7 km do centro de São Roque, o caminho está sinalizado e a estrada de acesso é boa e bonita de se curtir.