Igreja Santo Antonio do Valongo – Santos SP

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Igreja Santo Antonio do Valongo – Santos SP

Santos. Famosa cidade balneária do estado de São Paulo. Destino praiano constante na vida dos paulistanos.
Por cultura também se sabe que a cidade abriga o maior porto (exportador) do Brasil. E que essa cidade foi o berço dos Andradas, famosos irmãos protagonistas na campanha pela Independência do Brasil.  

Voltando ao turismo, a cidade apresenta o maior jardim (na categoria Jardim de Orla) do mundo. São mais de 5.000m de exuberante vegetação, esculturas, fontes e muito capricho.

Essa enorme atração percorre todas as 6 praias da cidade. As praias de Santos são na verdade a mesma faixa litorânea, não apresentam divisões entre si, o nome acaba acompanhando o bairro da cidade.

O número de brasileiros que conhece e já veraneou em Santos é enorme, e infelizmente é também muito grande o número de pessoas que conhecem as atrações de Santos além das belas praias.
E eu não estou falando sobre conhecer e frequentar os shoppings da cidade e as ótimas opções gastronômicas ou os bares da cidade.

Essa é a primeira matéria sobre as imperdíveis e desconhecidas atrações da cidade de Santos.

Igreja Santo Antonio do Valongo 

Visitar uma igreja que ostente o riquíssimo estilo barroso é sempre uma maravilhosa experiência. Eu adora, aposto como quase todos adoram. As históricas cidades mineiras são procuradíssimas, exatamente por isso. Em Salvador qualquer um se extasia. Em muitas cidades brasileiras essa riqueza é apreciada, e aqui pertinho, a 68Km de São Paulo, temos uma maravilhosa obra de arte, a Igreja de Santo Antonio do Valongo.

Valongo é a denominação de um trecho do centro velho (velhíssimo) de Santos. A definição do termo conta que a expressão Valongo significava uma extensão longínqua do porto. Era, como se alguém dissesse “Vá lá longe” …

A região abrigava opulentos casarões, edifícios administrativos. Em terras doadas a Comunidade Franciscana foi edificado um convento e uma capela que deu origem a magnífica igreja de Santo Antonio do Valongo.

Para quem não sabe, Santo Antonio (o nosso santo casamenteiro) pertenceu a Ordem Franciscana.  Além de Santa Clara, Santa Isabel, Santa Rosa do Viterbo e o nosso Santo Frei Galvão, são exemplos da longa lista de pessoas santificadas que pertenceram a essa ordem.  

O progresso e a cegueira do capitalismo quase (literalmente) derrubaram essa gloriosa manifestação da arquitetura e das artes plásticas.

O claustro e outras edificações que formavam um conjunto religioso foram demolidas para construção da primeira estação férrea do estado de São Paulo, da Companhia São Paulo Railway, que ligava o porto de Santos a cidade de Jundiaí, criando um corredor para exportação do Café.

É contada uma explicação mística para ter a igreja permanecido em pé. Conta a tradição que não foi possível, de forma nenhuma, a retirada da imagem de Santo Antonio, do altar principal. Os empregados da Estrada de Ferro, deram-se por vencidos e desistiram da tarefa.

Ainda na narrativa sobre a preservação da edificação, é contado sobre um movimento popular envolvendo a comunidade de devotos e a sociedade santista que se tornou vitorioso com a emissão de um tipo de “tombamento” realizado pelo imperador D. Pedro II.

Esse ato foi efeito do trabalho e da influência do Visconde de Embaré, Sr. Antonio Ferreira Júnior. Em sua homenagem, após sua morte a sua inseparável bengala foi, pela comunidade, colocada no altar principal, apoiada na imagem de Santo Antonio.

Concordem: É incomum ver um objeto mundano e de origem reconhecida elevado a glórias dos altares.

Integrada a nave principal da igreja, ainda temos um trecho da primeira capela erguida no local. Essa “ruína” abriga outra curiosidade importante, lá está instalado um raríssimo altar giratório. Isso mesmo, um altar que tem movimento e apresenta uma representação da Santíssima Trindade e em seu verso um ostensório, tornado visível quando das cerimônias de adoração ao Santíssimo.

Em 1940, as paredes laterais do templo ganharam um trabalho de azulejaria. Vários grandes painéis retratando cenas célebres da cultura Franciscana e da vida de Santo Antonio estão ali retratadas.

O trabalho é muito bom. A autoria é do artista Cândido da Silva Jr., um artista de bom talento e muita ousadia.

Irônico e abusado, ele se auto retratou (com trajes atuais, paletó e gravata) no meio de uma cena histórica intitulada “O pão de Santo Antonio”. O artista ainda interferiu em outra representação, retratando sua mulher (também em trajes atuais) como expectadora em outra cena histórica.

Existe uma terceira estranha intervenção. O artista, na cena “Morte de Santo Antonio”, perpetuou a figura do Frei Vicente Borgard, responsável a época pela igreja, pelas obras de restauração, portanto seu contratador.

Pra quem gosta de debates e ou estranhas histórias de Teoria da Conspiração, lanço uma dúvida. A manutenção dessas três extravagâncias do artista foram exatamente o que? Uma inflamação de seu ego? Um conchavo com o Pároco?

Outra raridade que deve ser notada é uma antiga imagem de um Cristo alado e com seis asas.

Além de uma excelente atmosfera, da possibilidade de muito encantamento, todas essas curiosidades fazem uma visita a Igreja do Valongo, uma determinante da sua próxima visita a Santos.

Visitar o centro velho de Santos é um ótimo passeio. A Igreja do Valongo fica vizinha ao Museu dedicado ao Rei Pelé, colada a primeira estação férrea do estado de São Paulo e na mesma praça de onde parte um bonde (autêntico) para um interessante passeio por pontos históricos de Santos.

Essa matéria sobre a Igreja do Valongo, é a primeira publicação sobre pontos interessantes de Santos.         

 

 

 

 

 

 

 

 

Cako Machini
Cako Machini
Desde 1953 também responsável pelo mundo que vivemos. Publicitário, marqueteiro, empresário. Criativo, amante das artes. Resolvido a viver o Outono de sua Vida junto a natureza, priorizando as palavras e as viagens.

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