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Mister Sombra

Mister Sombra                                                              O preço do prazer de uma Mulher

O bigode é muito bem aparado, mas não perdeu a naturalidade ele é cuidadoso. Preciso ver melhor os sapatos, se estiverem em ordem o diagnóstico é certo “estou sendo seguida por um tremendo exemplar deste fraco sexo forte.”

Os homens, Ah! Estes eternos meninos! Não é preciso se deitar com um deles pra classificá-los, eles todos são e serão sempre uns meninos, demonstram o mais intimo de sua personalidade em detalhes tão aparentes.

Tenho em meus calcanhares, um destes meninos. “Mister Sombra” identificação provisória. Bastante simpático você, meu desconhecido admirador. Eu o notei naquele farol demorado lá atrás. Será que ele estava me seguindo há mais tempo? Talvez, mas duvido muito, principalmente quando se trata de um paquerador desta categoria, eu sempre noto.

Puxa, ele esbanja charme! Os tons verdes da camisa e da calça combinam muito bem. Do ponto de vista elegância, dez. Valorização pessoal, aprovado também. Afinal… o sapato e  o cinto são do mesmíssimo tom, muito bom! Anda macio, leve, tem uma “ginga” discreta, seu olhar é firme…. Podemos dizer que ele é garotão decidido, ajeitando na vida, de bom gosto, tranqüilo informal. Um cara molinho, sabe como é? Aqueles que veio ao mundo a passeio e não a negócios, que encara tudo com a medida exata entre a força e o otimismo.

Acho que na cama ele deve estar mais pra garanhão do que para carneirinho, não deve querer nada com o tradicional “papai mamãe”.

Meu querido “Mister Sombra” você é um pedaço de mal caminho talhado exatamente como o diabo gosta, está na hora de saber se o seu negócio comigo é pra valer.

                Um engano, fundamental de todo homem é pensar que  cabe a ele a escolha. Iludidos! Quando muito, a mulher lhes permite fantasia da conquista, mais nada. Os homens, os meninos,  um roteiro feito pelas mulheres, e o “Happy end” quando existe  é sempre decisão nossa.

Vamos submeter o nosso admirador secreto ao jogo da paciência: Vamos comprar cigarros, estamos entrando no bar, procurando com muita calma o dinheiro na bolsa, conferir e reconferir o troco, acender o primeiro cigarro, e agora dando meia volta encararemos a porta do bar, se o senhor estiver nos esperando, ai sim pensaremos seriamente no seu caso.

Minha nossa! Quase que eu desmonto, além de ostensivo ele é mais do que determinado, está bem no meio da porta parado e com olhar de quem vai me dar uma tremenda dura pela demora. Caramba! Este olhar firme e saindo deste físico privilegiado desmonta qualquer uma, “Mister Sombra” quem desenhou você entendia pacas de sensibilidade feminina.

Prontinho, meu desconhecido sensual e porque não o dizer tesudo amigo, você passou no teste, estou na sua. Se quando você abrir a boca não desmanchar com asneiras esta representação terrestre de um Adônis, eu até tenho um caso com você.

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Pera lá…., uma mulher de 30 anos não esquece um rosto bonito e viril. Rosto? Quanto purismo de minha parte. Quando um pedaço inquietante de moreno deste olha para o rosto da gente, não se esquece com facilidade. Outro purismo, e os homens lá olham pra nosso rosto?

Já vi esta figura em algum lugar. De onde será que eu o conheço?  Lembrei: no Banco. Isto mesmo, ele estava lá no Banco, no fim do balcão, era ele sim. Poxa, mas se tratando de um tipo assim tão desejável por que não me interessei por ele naquela hora? Vai ver é algum preconceito idiota? Afinal lá na Agência todo mundo conhece a gente, sabe da nossa vida. Caramba, mas se este monumento moreno está me seguindo desde o Banco, o coitado ele está fazendo jogo comigo há muitos quarteirões.

Mocinho bonito acho que esta na hora de colocar mais ação nisto tudo, fique alerta porque vai entrar em ação “A Fêmea conquistadora”, e vai ser bem aqui na bilheteria do metrô. Vou lhe dar um tremendo olhar estilo “chega mais”, vamos ver se agente ajeita um papo.

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Você é persistente, porém demorado, não é mesmo fofura?  Porque você não me abordou nesse trajeto até a plataforma? Olha….., suas chances estão diminuindo, o trem esta chegando…Vou subir, resolva-se logo ou esta noite serei obrigada a trocar o seu corpo por qualquer festival de lágrimas da Janete Clair.

Não entendo você tomou o mesmo vagão, mas ainda esta distante. Essa sua indecisão esta começando a se tornar irritante. Afinal o ser humano tem um receio inerente do desconhecido. A paquera é saudável, qualquer mulher gosta deste jogo, mas um homem desconhecido é sempre um homem desconhecido e eu já estou começando a ficar inquieta sobre as suas intenções.

Estou quase jurando que já ouvi falar de você. Meus instintos estão dizendo que além do galã lá do Banco, você é aquele fulano que na melhor essência do termo “quebrou” a Dorinha. Ela ficou tão impressionada, me contou tudinho. A descrição que ela fez bate direitinho com o que já notei em você. Ela descreveu seu bom gosto, a cor da sua pele malhada de sol. Do porte do seu físico, do seu cabelo…  Se você soubesse Mister Sombra, ela ficou tão maravilhada com você ou com ele, sei lá. Não é costume mas ela me contou tudo, direitinho, direitinho. Falou de seu jeito romântico, porém chegado pra selvagem, de uma palavras bem feias, mas excitantes ditas por esta mesma boca que lambeu e chupou tão gostosamente todinha a pele dela. Ela foi até engraçada, fez uma comparação zoológica, disse que você é inquieto como um macaco, fogoso como um potro selvagem, carente como uma gata no cio. Falou que você tem seus pelos aparadíssimos e suas “carnes” é muito lisinho parecendo o toque de um pêssego. Vichê….minha coxa está molhada. Como segredinho ela me confidenciou que numa cama você tem muito de lobo e raposa.

Bendito seja o preço da gasolina, e o aperto que ele esta causando neste vagão, agora que você está agora do meu lado, me esmagando, pra ser mais precisa. Abençoou a crise econômica as condições do transito, tudo, qualquer coisa que faça prolongar essa sensação de abuso explicito que estou sofrendo. Sofrendo? Perdão. Só quero que isso demore muito.

Li que no metrô de Moscou, pessoas fazem sexo explicito constantemente. Que ilustres desconhecidos, assim como nós, que de forma consentida se fartam sem a menor cerimônia. Até que eu experimentaria. Tô ficando com uma vontade de levantar minha saia……  Maroto, vai ver que é isto que você esta tramando. Adoraria agarrar essa firmeza toda que está cutucando minha bundinha. Ah! Que coisa boa…..Dois terços da população mundial sabem como eu o prazer de ter sua bunda acariciada, utilizada ( o terço restando é ignorante).Eu não passo é de uma grande burguesa, que raiva de mim. Se fosse uma mulher liberada, sentindo seu calor como estou sentindo agora, partia logo para cima desta sua quente figura e abusava de você aqui dentro (Como se fosse possível uma mulher violentar um homem). Este balanço do trem agitando nossos corpos, ritmando as minhas sensações, não sei não,… acho que este embalo vai me fazer…

Sem vergonha, você está rebolando, colado na minha bunda….vou rebolar um pouco também…. Vem, me arrocha macho sem vergonha…Esfrega….

– Este vagão está bem desajeitado.Finalmente ele falou.

– Digamos desconfortável. (desconfortável sim, meu filho, desajeitado nunca).

– Em que estação você pretende descer?

– Por que do interesse?

– Pra lembrar se lá por perto conheço algum lugar tranqüilo pra gente conversar.

…É…ele tem estilo, a coisa está ficando ótima. Deixa eu ir vestindo a fantasia de virgem adolescente, senão a graça acaba.

– Conversarmos?…. Sobre o que? Eu não te conheço.

– Conhece sim. Me conheceu na agência bancaria, me encontrou novamente em diversas vitrines, fizemos uma cena naquele bar. Já dialogamos muito com olhares, você me analisou profundamente nesse percurso. Mantivemos um papo firmíssimo na bilheteria e mais recentemente trocamos a linguagem dos olhos pela linguagem da pele. Não foi monólogo foi diálogo, nossas carnes se expressaram intensamente. Agora estamos usando a mais imprecisa e menos gratificante de todas as linguagens: as palavras.

….Minha nossa, se não fosse uma mulher inteiramente depilada estaria com todos os pentelhos arrepiados. Estou úmida, inteiramente úmida. Dá pra sentir um visgo denso, quente querendo escorrer pelas minhas pernas. Estou frente e enroscada num “homem inteiro” bonito, sexy, por dentro, por fora, ele é tudo e mais alguma coisa que eu e qualquer mulher roxa de tesão possa querer pra esta quarta feira. Olha, ficando com ele hoje ficarei saciada pro resto da semana.

– Gostei da sinceridade, foi exatamente isso. Eu sou Sueli.

– Eu sou Mário, mas isto não importa, poderia ser Paulo, Pedro, afinal não fui eu quem escolheu meu nome.

…ele continua jogando franco e aberto, que beleza.

– Então você continuara a ser “Mister Sombra”.

– Era este o meu nome no jogo? O seu nome era Madame Agora.

– Agora?!!?

– Isto mesmo, você joga direitinho mas “não sabia que eu sabia que você sabia”.

– O que? Como é que é?

– É fácil, você fez um jogo e jogou fazendo pensar que quem jogava era eu, portanto só me restou realmente fazer o “Agora”. Agora ela vai dar uma olhadinha, agora ela aperta o passo, agora ela demora um pouco pra ver se espero por você. Compreendeu? A questão está no fundo: no fundo a mulher sempre escolhe, mas no fundo o homem sempre pensa que foi ele, sabendo do jogo tudo fica mais divertido. Certo?

– Agora, sim.

….Vou guardar a fantasia de Virgem, vestir uma roupa “Mulher Século XXI” e tratar de achar logo este lugar tranqüilo.

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– Garçom eu só aceito chopp escuro e traga também queijo e molho inglês.

…ele conhece bem o imperativo.

– Afinal Mister Sombra, o que você achou da maratona?

– O jogo faz parte, é como se fosse um ritual, se temos intenção devemos participar. Você me interessou desde quando a vi pagando aquela conta lá no banco…

– Não pagava, recebia.

– Dinheiro alto?

– Mais ou menos.

– Então esta conta é sua.

…Tá me fazendo lembrar o Marquito, com ele mulher não tem perdão, “Gozou paga metade da diária do Motel”.

– Ta legal, eu gosto de empregar bem o meu dinheiro.

– E você acha que pagando um choop para mim, esta empregando bem o seu dinheiro?

– Pelo menos com prazer.

– Ótimo, mas se pra você gastar comigo é ter prazer, que tal fazer o seu dinheiro, ou melhor, o nosso dinheiro me proporcionar um prazer bem maior.

…Este “nosso” acho que significa rachar alguma coisa, um motel, talvez. Agora este papo de um prazer maior pra “ele” não deu pra entender.

– Talvez, o que seria?

– Na hora correta você saberá, o que eu quero agora é uma decisão, sim ou não?

…..Tomara que o egocentrismo desse garanhão não estrague tudo.

– Eu topo sim.

– Veja bem, beber, consumir álcool, fumar isto tudo não é saudável. Acho melhor você converter o seu dinheiro numa emoção mais forte, mais natural, que lhe rendesse experiência, muita experiência e pra mim um grande prazer.

To be or not to be? Trepar ou não trepar, a contagem está dez a um a favor dele, mas este um é um ponto muito forte, muito importante, eu não tolero homens convencidos, porém também não resisto a um macho que olha firme dentro do meu olho, me agredindo, que coloca a mão destemido em minha coxa me desrespeitando sem cerimônia. E o resto dele for é tão duro quanto seus dedos, já senti….Acho que não tem mesmo jeito, é uma questão de química, meu auto-controle já dançou faz tempo.

Eu quero mais é esta carne na minha carne e o resto…pouco importa.

– Sueli, estou falando com você, quer ou não quer uma emoção mais forte?

– Tudo bem Mister Sombra, vamos lá.

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Ganharam a rua, ele toma a palavra.

– Vou esclarecer tudo com uma charada: Ele vem do meu peito mas não é uma costela, encontrara o seu corpo que ficara todo arrepiado, ai o primeiro dos primeiros ficará com o que há de mais sujo.

…- Hoje realmente eu conheci o “homem imprevisto”. – Mil desculpas, eu não sou nem falo o gênero mulher 3Bs mas não esta dando pra entender mesmo!

– É muito simples, quem foram os primeiros?

– No mundo? Adão e Eva!

– Ótimo, e Adão ainda veio primeiro, mas como os nomes são somente simbolismos temos que o primeiro é o homem, que no caso sou eu.

– E o que “virá do seu peito” pra me deixar toda arrepiada.

– Tem tempo. Você sabe o que é, na minha opinião a coisa mais suja que existe?

– Não.

– O dinheiro, então montando tudo: Eu, o homem, o primeiro, ficarei com aquilo que de mais sujo existe, o dinheiro, seu dinheiro, e passe-o logo pra cá, porque o que vem do meu peito para deixá-la toda arrepiada é um revólver!

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Que sacanagem! Dois dias depois, menos arrepiada e mais experiente, como ele previu, recebi um telefonema dizendo que eu havia esquecido meus documentos num motel granfino.

Eu teria pago a conta naquela noite de qualquer maneira, mas acho que não fazia muito o tipo dele.

 

 

 

 

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A hóspede            Vem transgredir comigo           Marido de aluguel        Edifício Minister 
A serviçal           Ele queria um homem             Orgasmo marcado           Mary Help

 

           

Cako Machini
Cako Machini
Desde 1953 também responsável pelo mundo que vivemos. Publicitário, marqueteiro, empresário. Criativo, amante das artes. Resolvido a viver o Outono de sua Vida junto a natureza, priorizando as palavras e as viagens.

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