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Recife & Arte

 

Quem está se programando para visitar Recife, fica todo animado pensando, entre outras, na lindíssima Praia de Boa Viagem. Automaticamente se balança ouvindo um imaginário Frevo. Chega até a se imaginar encontrando com seus famosos Cabeções pela cidade.

Fazendo valer o ufanismo bairrista dos recifenses, você estufa o peito e se orgulha de visitar o exato ponto onde os rios Capibaribe e Beberibe se encontram para formar…. o Oceano Atlântico!
E claro, não deixe de forma alguma de visitar o Centro Velho onde não faltam atrações, curiosidade a serem visitadas, como por exemplo as ruínas da primeira sinagoga erguida nas américas.
Aliás o Centro Velho também é conhecido como Marco Zero. Ai, temos outra polemica. A explicação que marco zero é a denominação referente a marcação de todas as estradas pernambucana, é sempre contestada com a explicação sobre a formação do Oceano Atlântico.

 

 

 

 

Será, seja qual for sua principal expectativa, uma viagem maravilhosa e empolgante. Você estará numa cidade incrível com muito a oferecer.
Mas sua aventura será muito valorizada se houver a lembrança que Recife é uma cidade com arquitetura diferenciada do restante do país. Recife é um projeto de cidade com visão holandesa. O conde Maurício de Nassau desembarcou na região acompanhado com uma numerosa equipe de profissionais e uma clara determinação de construir uma cidade (Mauricéia, ou Cidade Maurícia, eram o nomes comentados) que deveria ser a sede de um domínio holandês na América do Sul.

Os historiadores que me perdoem a ousadia da interpretação, mas em meu conceito a velocidade e o êxito das incursões realizadas por outros países (Franceses e Holandeses) reside no fato que as ações eram conduzidas não por governos (coroas) e sim por empresas, criadas com objetivo determinado. 
A Companhia das Índias Ocidentais, foi criada pelo governo holandês para criar e desenvolver a colônia da Nova Holanda, um projeto ousado que ocupou uma vasta área do litoral nordestino, indo de Alagoas ao Ceará.
Na verdade, o que se procurava era controlar o mercado mundial de produção de Cana de Açúcar, um produto com valor superior ao Ouro num dado momento da história. E a região de Recife era simplesmente a maior produtora mundial de Açúcar.
E nessa empreitada em Recife foram construídas (as primeiras do Brasil) pontes, canais, palácios, um número enorme de edificações e até um observatório astronômico (o primeiro do hemisfério sul). Portanto passear pelo centro velho de Recife é básico.
Reflita: No sul do país é possível encontrar várias cidades com arquitetura alemã. Encontrar arquitetura italiana em muitos lugares, mas o estilo holandês, além de Recife você pode encontrar onde?

E pra coroar uma viagem a Recife, vá em busca do inusitado. Brennand, você conhece esse sobrenome de família? Mas vai conhecer e terá um enorme prazer com isso.
Francisco Brennand e Ricardo Brennand, são primos, cada um a seu modo é expoente em arte.
Milionários de berço tiveram todas as condições possíveis para se aculturarem, aprenderem sobre arte e investirem em suas paixões.

Quando estive pela primeira vez no bairro da Várzea para conhecer esses complexos de cultura e arte, grosseiramente imaginei ter atravessado algum portal e saído do Nordeste brasileiro. Lá se imaginando num local diferenciado você sente uma atmosfera muito boa e respira arte e cultura.

Oficina Cerâmica Francisco Brennand

Francisco Brennand, foi um dos maiores ceramistas do Brasil. Muito jovem começou a pintar. Viajando pela Europa, constatou que artistas pintores de máxima expressão também se expressaram pela cerâmica e com muito êxito.
Obras de Chagall, Matisse, Miró, Picasso, atentaram contra a vocação original de Francisco Brennand. Quando conheceu em Barcelona as obras de Antoni Galdi, acabou se decidindo pela arte em cerâmica.

A propriedade Cosme e Damião primeiro abrigou o engenho de açúcar São João, depois a fábrica de cerâmica de mesmo nome. As instalações da antiga fábrica abrigam a Oficina Brennand, um enorme espaço, são 15.000m² que abrigam o ateliê do artista, o escritório e as instalações de uma pequena indústria, quase artesanal de cerâmicas e museu que comporta um acervo de mais de 3000 peças. Entenda que a maioria das peças de Francisco Brennand não são pequenas

Quando você estiver visitando o centro velho de Recife, visite o Parque das Esculturas. Instalado num local privilegiado, junto ao mar, esse parque abriga um conjunto de 90 obras do escultor, sendo a principal delas a Torre de Cristal, um elemento de 30m de altura. O projeto foi inaugurado no ano 2000 como parte das comemorações dos 500 anos do descobrimento do Brasil. O projeto tem o sugestivo nome: Eu vi o mundo, ele começava no Recife. Essa super genial intervenção mostra que Francisco Brennand, um amante da terra, foi um legítimo pernambucano mais do que arretado.
Conhecer essa instalação prepara qualquer um para conhecer e se encantar com a Oficina Brennand.

Instituto Ricardo Brennand  
Classificado como um dos melhores museus da América do Sul, o Instituto Ricardo Brennand está abrigado numa réplica de um castelo medieval. São mais de 60.000 itens. Ricardo Brennand era um dos maiores colecionadores mundiais de armas brancas. Sua coleção é um incrível conjunto de armaduras (inclusive para cavalos e cachorros), elmos, espadas, lanças e toda sorte de artefatos e armamentos.
Além das armas medievais Ricardo Brennand possui uma inigualável coleção de manifestações artísticas que se relacionam com a aventura holandesa no Brasil, e sobre o ciclo da cana de açúcar. Com destaque para pinturas de artistas medievais e o maior conjunto dos quadros de Frans Post, um pintor holandês que retratou toda a aventura da ocupação da Holanda em terras brasileiras.     
O Instituto Ricardo Brennand, está instalado numa área de 77.600m², as edificações são ladeadas por matas nativas, vegetação remanescente da Mata Atlântica. Quando se olha esse lugar, quando se admira essa exuberância, se chega a duvidar que se está no nordeste brasileiro.

Essas duas atrações são vizinhas, estão no mesmo sítio. É possível visitar ambas e passar um dia, além de magnífico, completamente inusitado para uma viagem a uma cidade do nordeste.

 

 

 

Cako Machini
Cako Machini
Desde 1953 também responsável pelo mundo que vivemos. Publicitário, marqueteiro, empresário. Criativo, amante das artes. Resolvido a viver o Outono de sua Vida junto a natureza, priorizando as palavras e as viagens.

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