Nelson Rodrigues, estava errado!

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Dom Rosse Cavaca
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Nelson Rodrigues, estava errado!

Nelson 2

Nelson Rodrigues,  era contra a pílula, o comunismo, o divorcio. Mas acredito que ele aceitaria ter a mesma opinião da imensa maioria e se incomodar com a maneira distinta como nossa Justiça está tratando os citados nas investigações contra a corrupção.

E mesmo sendo um escritor muito criativo não teria explicação fantasiosa ou não para a permanência de tantos investigados comprometidos até o pescoço ficarem em liberdade.  

A exceção confirma a regra. Nelson estava certo em muita coisa, menos torcer pelo Fluminense.  Esse pensador sempre desconfiou da conformidade. Ele entendia que o ser humano é único e que, portanto a verdade pode ter as mais variadas versões. Inclusive ser oposta.

Os títulos das obras de Nelson quase sempre são frases prontas para analisar a política nacional.         Nelson 4                                                                                           

– A Vida como ela é.   

– Os 7 gatinhos.  

– Bonitinha mas ordinária.

O universo Rodriguiano é repleto de putas, cornos, safados, cafetinas.  Mas eles não são bandidos. Nossos políticos também não se sentem bandidos. Pior ainda a imensa parcela da sociedade que só enxergam defeitos e falta de caráter nas atitudes dos outros.

O homem da obra de Nelson Rodrigues tinha amante, frequentava a zona e se entendia como um cidadão de bem com permissão da sociedade para vingar com sangue uma desonra da mulher.

Quem conhece a biografia de Nelson entende melhor sua fixação em misturar amores, amantes e sangue.

Nelson é grande demais para caber numa única definição quanto a sua postura ideológica. Radical, reacionário e igualmente permissivo. 

Essa leitura justifica a pessoa Nelson escrever através de heterônimos. Seu lado feminino se projetava a través de duas distintas versões. Myrna, era a centrada senhora que dava conselhos as leitoras do jornal Diário da Noite num viés bastante conservador. E Suzana Flag foi o heterônimo que assinou “Meu destino é pecar”, polêmico livro que afrontava a moral vigente.

Outra famosa frase de Nelson também abordava as mulheres: Nem todas as mulheres gostam de apanhar, as neuróticas, reclamam.

Esse Nelson ambíguo que passou para a história era o criador ou o grande personagem?

  

 Nelson 3

As 1.000 melhores frases de Nelson Rodrigues”  

Ruy Castro, Companhia das Letras, 1997

Nada mais cretino e mais cretinizante do que a paixão política. É a única paixão sem grandeza, a única que é capaz de imbecilizar o homem”. 

Toda unanimidade é burra. Quem pensa com a unanimidade não precisa pensar”.

Só o inimigo não trai nunca”.                                                                                                

Muitas vezes é a falta de caráter que decide uma partida. Não se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos”.

No Brasil, quem não é canalha na véspera é canalha no dia seguinte”.

Se os fatos são contra mim, pior para os fatos”.

Só acredito nas pessoas que ainda se ruborizam”.

O ser humano é cego para os próprios defeitos. Jamais um vilão do cinema mudo proclamou-se vilão. Nem o idiota se diz idiota. Os defeitos existem dentro de nós, ativos e militantes, mas inconfessos. Nunca vi um sujeito vir à boca de cena e anunciar, de testa erguida: – Senhoras e senhores, eu sou um canalha”.

Não reparem que eu misture os tratamentos de “tu” e “você”. Não acredito em brasileiro sem erro de concordância”.

Sou reacionário. Minha reação é contra tudo que não presta”.

Toda coerência é, no mínimo, suspeita”.

A maior desgraça da democracia, é que ela traz à tona a força numérica dos idiotas, que são a maioria da humanidade”.

Os defeitos existem dentro de nós, ativos e militantes, mas inconfessos”…

Ah, os nossos libertários! Bem os conheço, bem os conheço. Querem a própria liberdade! A dos outros, não. Que se dane a liberdade alheia. Berram contra todos os regimes de força, mas cada qual tem no bolso a sua ditadura”.

Toda autocrítica tem a imodéstia de um necrológio redigido pelo próprio defunto”.

Como são parecidos os radicais da esquerda e da direita. Dirá alguém que as intenções são dessemelhantes. Não. Mil vezes não. Um canalha é exatamente igual a outro canalha”.

 

Cako Machini
Cako Machini
Desde 1953 também responsável pelo mundo que vivemos. Publicitário, marqueteiro, empresário. Criativo, amante das artes. Resolvido a viver o Outono de sua Vida junto a natureza, priorizando as palavras e as viagens.

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