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Monteiro Lobato
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Farsa

Não sei por que ele tem essa mania de querer ser chamado por, Golardo. Tudo bem que seja sobrenome, mas é feio, não soa bem. O cara até tem um nome bonito, Marco Luís. Se não gosta de nome duplo, tudo bem escolhe um, mas… Golardo? Golardo é feio, é de mal gosto.

Jorginho diz que tudo nele é de mau gosto. Jorginho, meu marido, detesta esse chefe. Não confia no cara de jeito nenhum. Diz que ele é capaz de qualquer coisa para se dar bem.
Deve ser complicado conviver com esse cara no ambiente profissional. Aqui fora no social ele não passa de um tremendo “Cafa”. Não perde uma única oportunidade para sacar as pernas ou os peitos da mulherada. Aquela ali de pretinho básico curtíssimo, a Marta, mulher do Heitor, está no foco do cara. Ela pensa em cruzar as pernas e ele mete os olhos nas coxas da mulher.

O cara até que tem uma presença razoável, bom físico, se veste bem, é educado, culto. Mas o comportamento dele é muito contraditório. Ele tanto é elegante como canalha. Olha lá, com a maior cara de pau do mundo ele está ajeitando o saco. Na verdade ele está é de pau duro curtindo as pernas daquela ruiva. Não conheço a peça, ela abre as pernas com a maior facilidade, deve estar bêbada ou está se oferecendo. Festa de empresa é isso. Parece finíssima, mas olhando melhor é puro barraco e putaria.

Passada uma semana, Jorginho meu marido, chegou em casa com uma cara amarrada de preocupação. Contou que a empresa anunciou que no início do próximo mês acontecerão várias transformações. Jorginho é competente, confiante, mas não confia nem um pouco nesse seu chefe o tal do Golardo. Êta nomezinho infeliz.
Fiz o que toda mulher deve fazer levantei o moral do meu homem. Elogiei, dei força, falei racionalmente. E claro, como é do jogo, excitei o cara até que o pinto dele pulasse pra dentro de mim.
Isso maridão, tira um cochilo, deixa que eu enxugue teu gozo, não sai da cama não, relaxa. Sonha com um bocado de anjas saciando você. Não coloca nenhum vagabundo nos teus sonhos.

Se eu não estivesse num shopping teria morrido de susto. Segurar o braço de uma mulher que distraidamente vê uma vitrine, não é a atitude mais elegante.
            – Espero que você esteja lembrada do meu sorriso? Além de pouco sutil ele é prepotente.
            – Claro que lembro. Respondi sem graça, sem jeito, e assustada. O autor da façanha foi o próprio, Sr. Golardo.
            – Golardo, chefe do Jorginho. Sei que meu nome é difícil de memorizar. Notaram? Prepotente, sempre querendo marcar posição.
            – Sei seu nome, não havia esquecido. Mas tudo ficaria mais fácil se você usasse seu primeiro nome.
            – Marco? Ou Luís? Você escolhe.
            – Prefiro Marco Luís, como foi definido por seus pais.
            – Fique a vontade. Aceita tomar um café comigo?
            – Melhor não. Estou com um pouco de pressa.
            – Nesse horário? Você perderia um tempo enorme num congestionamento horrível. Converse um pouco comigo. Preciso saber como está o Jorginho com as mudanças que estão acontecendo na empresa….
… … Acho melhor dar um pouco de corda pra esse pretenso Dom Juan. O emprego do Jorginho vale isso.

Ele falou um pouco de tudo, menos da situação da empresa. Já estamos falando a meia hora e só ouvi bobagens. Pior é que não posso perguntar nada objetivamente, nem me mostrar ansiosa.  Resolvi ir embora.
            – Sinto muito mesmo, mas agora preciso ir. Está ficando tarde, tenho um jantar pra providenciar.
            – Uma pena, você é muito simpática uma mulher agradável, gostei de conhecer um pouco mais sobre você.
A frase foi dita num tom meloso enquanto seus olhos percorriam todo meu corpo.

Jorginho chega pro jantar com a mesma preocupação dos últimos dias. Dei a notícia sobre o encontro com o Marco Luís Golardo de modo muito rápido e com a devida “desimportância” que ela deve ter. Disse que cruzei com ele no shopping, só isso. Não posso correr o risco do Jorginho se sentir constrangido.
Perguntei sobre as tais mudanças na empresa, Jorginho contou uma informação recebida. Ele ouviu de boa fonte que no departamento que ele trabalha haverá uma demissão. Como esse departamento só conta com três elementos, matematicamente a preocupação do Jorginho passa a ter um valor igual a 50%.

Não foi coincidência. Como meu emprego fica na torre do prédio do shopping, e ele sabia disso, foi muito fácil me encontrar na praça de alimentação durante o horário de almoço. O Sr. Marco Luís me esperava, disfarçou, criou uma fantasiosa história, mas estava lá para me encontrar. Me convidou para outra conversa e disparou.
            – Vai ser muito bom ter um momento de descontração com você. As coisas estão muito complicadas na empresa, o Jorge deve ter comentado sobre isso.
Estou sem alternativa, preciso dar corda para saber quais as intenções desse camarada.
Sentou-se ao meu lado e partiu para o ataque. Contou, confirmando o boato trazido pelo Jorginho, que um dos elementos do departamento seria cortado. Foi contundente e confirmou a análise do Jorginho sobre seu caráter. “Ele não tem limites para se dar bem”. Veio a cantada final.
            – Vamos passar umas horinhas descontraídas. Vai valer muito a pena pra todos nós.
Senti uma sensação incomoda e inédita, parecia que eu estava concordando em ser estuprada. Não havia violência física. Era coerção moral. Mesmo sem ser explícito, em cada palavra, em cada gesto ele queria demonstrar que eu deveria ceder ser muito boazinha com ele e que o emprego do Jorginho estaria sendo decidido.
O que exatamente seria violado, meu corpo ou minha mente? Mesmo casada eu já havia tido umas aventuras e francamente isso nunca abalou meu casamento. Sexo forçado, nunca aconteceu, mas algumas vezes eu transei sem nenhuma vontade.
O malandro era profissional. Não fez um único gesto que me constrangesse.
Decidi que seguiria em frente. Se a coisa ficasse ruim, inventaria uma crise de consciência, abriria um berreiro para ele desistir diria que não seria justo não contar esse meu passo para meu marido. Assim ele não teria como engrossar.

Ele ficou conversando sobre parques, natureza, mas sem me consultar colocou o carro na entrada de um motel e sorrindo repetiu que valeria muito a pena pra todos.
Um abraço silencioso, um beijo no rosto, Ele tira a bolsa do meu ombro, meu casaquinho é jogado no chão. Meu corpo é tateado, minha roupa remexida.
Tirou a camisa, conduzia minha mão sobre seu peito, me beijava, sempre em silêncio.
Deixou o quarto com uma luminosidade mínima e foi avançando sobre meu corpo. Minha mente continuava resistente, mas meu corpo dava sinais de aceitação.
Estávamos deitados praticamente nus e fui obrigada a tomar uma atitude ativa. Ele tomou minha mão, colocou sobre seu membro e ficou aguardando minha reação. Resolvi seguir em frente e apertei seu pinto. Ele tomou minhas mãos e ensaiou movimentos de masturbação. Cedi e continuei o jogo.
Tive meu corpo lambido, beijado, chupado por inteiro. Fiquei excitadíssima, deixei meus receios e restrições morais perdidos na penumbra do quarto e passei a ser somente uma fêmea.
E aquela fêmea estava acasalando com um macho gostoso, talentoso, daqueles que enche uma mulher de prazer. Não trocávamos nenhuma palavra, mas nossos corpos se comunicavam muito bem.
Fiquei completamente relaxada quando ele chupou todos os dedos dos meus pés. Isso não é coisa de bandido, isso é coisa de amante gostoso.
Fui colocada de costas e tive minha bundinha acariciada, beijada, chupada. Ele empinou meu quadril e teve acesso a minha buceta vindo com a boca através do meu períneo. Gente, nunca ninguém me tocou nessa região com tanta mestria. Ele sugava meu grelinho e apertava meu períneo me dando um tesão danado. Gritei de prazer e descaradamente pedi para ser penetrada. Queria sim gozar com aquele macho gostoso dentro de mim.
E assim foi, num só golpe ele se enterrou em mim. Literalmente fodia minha buceta como se estivesse martelando um prego grosso. Era rústico, era impetuoso, mas não estava sendo nem dolorido, nem violento. Eu me sentia fêmea mas não me via abusada ou violada. Trepávamos como iguais. Como dois animais, mas dois iguais.
Gozei muito e senti escorrer de dentro de mim um gozo farto do macho que me deliciava. O safado colocou a mão dentro da minha buceta, comentou que ela era muito gostosa e quente, e lambuzou todo meu rosto com o viso recolhido de nossos corpos. Antes que eu reclamasse, fui lambida e beijada, o gosto de nossos gozos se distribuiu em nossas bocas. Foi bom, foi muito bom.
Enquanto relaxávamos, uma fala enigmática.
            – Quero você perto de mim. Uma pausa e outra afirmação.
            – Gosto do trabalho do Jorge.
Depois disso, só dissemos amenidades, não comentamos a transa, nem falamos sobre a empresa.

Mais tarde, em casa, encarei o Jorginho meio sem graça, mas mantendo uma certa tranquilidade.  Aleguei muito cansaço e me escondi nos cobertores. Dormimos. 
Mais alguns dias passaram e o astral era o mesmo. Resolvi reverter esse clima de pré-velório, decidi esperar Jorginho de um jeito mais sensual, deixei bebidinhas e comidinhas bem a mão. Estendi nosso futon, enchi meu corpo de hidratante, abdiquei da calcinha.
A porta se abre, um ramalhete precede o corpo de um Jorginho sorridente e cheio de si. Abri os braços            mostrando o ambiente, deixando claro que estávamos na mesma sintonia. Entreguei a ele todo o protagonismo, sorri sem perguntas.
            – Você é adivinha? Assumiu ser bruxa?
            – Só quero que vivamos mais e melhor….
            – Então tome posse do seu homem. Essa é a típica ordem que deixa minhas carnes úmidas. Adoro arrancar a roupa do Jorginho. Na verdade minha tara é ter um pretexto para desfilar minhas unhas no corpo dele.
            – E meu homem tem alguma coisa pra dizer?
            – Precisa ter motivo especial pra querer invadir essa buceta gostosa?
            – Seu pinto nunca pediu licença pra nada. Sempre abusou, sempre esteve onde quis…
Desabamos sobre o futon, nossos corpos se misturaram. É ótimo sentir seu macho procurando mais e mais espaço dentro de você e urrando de prazer. Fiquei encharcada, antevi que meu homem com muito prazer estava  descarregando toda sua inquietação dos últimos dias. Vamos finalizar o suspense.
            – A que brindaremos? Coloquei uma taça na mão dele e aguardei a resposta.
            – Você não vai acreditar.
            – Acredito sim. E sei que é muito bom, conta.
            – O corte de pessoal no nosso departamento.
            – O demitido foi seu parceiro Fred? Tadinho dele.
            – Não. Nem eu nem Fred perdemos o emprego. Falei que você não iria acreditar. Eu e o Fred ganhamos autonomia, vamos responder diretamente ao diretor comercial. Quem perdeu o emprego foi sua excelência, Dom Golardo.
            – Não acredito mesmo. Quer dizer que o pretensioso foi pra rua? Com que cara ele ficou?
            – Com a mesma cara, com a mesma soberba de sempre. O picareta já sabia. Na verdade a saída dele estava acertada faz algum tempo. O picareta pediu para a empresa deixar fechar o mês, e eles aceitaram. Ele alegou que existiam algumas providências que ele não poderia deixar de tomar.
Comemorei a alegria do meu homem, enchi sua boca de beijos, elogiei muito sua vitória. Massageei seu ego ao extremo.
Ficamos ali nus sobre nosso futon, curtindo a vida, fazendo planos, explorando nossos corpos. Adormecemos.
Acordei no meio da madrugada e comecei a sentir uma ressaca, uma ressaca moral. Conclui que intencionalmente ou não, eu acabei sendo uma das “providências” que o picaretíssimo Sr. Golardo queria tomar. Num primeiro momento fiquei putíssima de ser sido chantageada pelo vigarista. Depois a ressaca ficou pior e o gosto de ter sido trapaceada foi somado com a horrível sensação de poder estar presa a um esquema de manipulação ainda maior.
Afinal, de premeditação e vigarice, o cara entende…

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A hóspede                   Vem transgredir comigo      Marido de aluguel

Edifício Minister          A serviçal           Ele queria um homem

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Cako Machini
Cako Machini
Desde 1953 também responsável pelo mundo que vivemos. Publicitário, marqueteiro, empresário. Criativo, amante das artes. Resolvido a viver o Outono de sua Vida junto a natureza, priorizando as palavras e as viagens.

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