O Gosto do Nosso Gosto
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Banho de Lua

… … …
… … …
– Aqui, todos ficam felizes, todos curtem ao máximo. Não concorda não Márcio? Se tá com uma cara…

– Concordo. Mas poderia ser melhor…

– Acho que ele está meio frustrado. Nossa nascentezinha jorra água normal, não é a Fonte da Juventude. Ironiza Irene.

– (riso) Não precisa tanto. Penso em coisa mais viável…
– Tipo, não precisarmos ir embora. Passarmos a morar aqui. Júlio entra na conversa.

– A ideia é boa, mas falo de estar aqui e termos mais intensidade.

– Eu não. Faço tudo intensamente. Durmo intensamente, bebo intensamente, como intensamente…. Jorjão se apresenta na conversa.

– Aliás beber e dormir, em se tratando de você é mais que intensamente, é insistentemente. Você praticamente só faz isso. Em tom de reclamação Martha esculhamba Jorjão que é seu marido.

Quatro casais: Martha e Jorjão, Irene e Altair, Débora e Marcos, Maria e Tadeu.
Já virou rotina todos passarem a imensa maioria dos finais de semana nessa chácara. A propriedade é dos pais da Irene, que praticamente não visitam mais a chácara. Todos tem total liberdade para quando bem entenderem rumarem para a Birosca do Tonho, carinhoso nome dado pelo próprio Antonio Pádua de Cerqueira, proprietário da chácara.
Toda vez que ele pronunciava esse nome alguém corrigia. – Mas Seu Tonho, birosca é vendinha, botequinho…. E ele se justificava. – Mas deixa assim, é carinhoso, é tão bonitinho.

– Tem carteado que vara a madrugada. Tem piscina, tem laguinho andando duas léguas pra frente. Insiste Tadeu.

– Tem geladeira cheia e uma puta churrasqueira. Lembrou Jorjão mostrando seus maiores interesses.

– Aqui cada um faz o que quer. Arrebata Altair.

– Em termos, meu caro, em termos. Marcio corrige e passa a explanar.

– A gente, entra na piscina, toma sol, curte a vegetação, joga Vôlei. Come e bebe até se arrebentar e joga conversa fora o tempo todo. Isso tudo é ótimo. Não tenho queixas. Ninguém está reclamando.

O olhar de todos dizia em uníssono ………….- Então… ?

– Então, quero dizer que tudo é ótimo mas repetitivo. Nunca acontece nada ousado. Alguma coisa inusitada.

– Eu sempre fiz tudo que quis. E nunca deixei de fazer nada que estivesse com vontade. Contesta Altair.

Marcio surpreende a todos, soltando uma bomba.

– Deixou de fazer sim, Seu Altair. Pelo menos ficou só na intenção quando ficou ai babando pela bunda da Martha.

Um interminável instante de silencio marcou a surpresa de todos. Marcos complementa sua fala.

– Na bunda da Martha já babou todo mundo. Todo mundo. Ela tem uma bunda do cacete, qualquer um baba por ela. Apontando para Débora sua mulher ele continua.

– Você Débora que gosta pra cacete de bunda já desejou a bunda da Martha. E também já disse que considera a bunda do Tadeu uma gracinha. Né?

– Que coisa feia Marcos contando intimidades…. Débora reclama.

– E que as meninas não fiquem indignadas. O Altair tem mania de ir fazer seu xixi lá nas roseiras. Pra isso ele nunca usou os banheiros aqui na chácara. E todas vocês ficam de olho na expectativa de sobrar uma cena mais abusada. Tô falando bobagem?

– Débora, quando você resolve soltar o sutiã para tomar banho de sol, todos e todas ficam admirando seu corpo e torcendo para em algum deslize um pouco mais de você ficar a mostra. 

O grupo todo ficou numa atitude reflexiva. A surpresa foi comum, mas não existiu nenhuma grande contrariedade.

– Então…desejos, fetiches, caprichos, taras… que são humanas, que estão na nossa mente acabam ficando contidas. É isso, sensações.

Marcos não falava em tom de censura. O grupo sempre teve toda liberdade, sempre falou em sexo. Mas nunca havia chegado nessa postura tão íntima.
O silêncio do grupo acabava contrastando com a movimentação das cadeiras. Esse “ajustar-se” denunciava que todos de forma não explícita estavam concordando, mesmo que de forma inconsciente com a constatação que Marcos fazia.
Uma importantíssima mulher da minha vida, disse um dia. – Você chega num ambiente e olha pra todos. É como se estivesse escolhendo seus futuros parceiros sexuais.
Na memória de cada um voltaram as lembranças de quantas e quantas vezes, cada um não olhou desejosamente o corpo de um dos outros amigos. Quantas vezes cada um não apareceu nu aos olhos dos outros.
Débora tem uma tatuagem mais ou menos naquele lugar que se aponta o apêndice. Quem nunca imaginou o tatuador trabalhando ali tão perto do sexo dela. E porque tatuar aquele ponto? Chamar o olhar de todos para sua região pélvica? Dizer olhem bem o que tenho para oferecer?…

Um gramado de mais ou menos uns 10m separava a varanda onde o grupo conversava da piscina.

Maria se levanta, em silencio começa a apagar as luzes do jardim, do pátio, da varanda. Ninguém pergunta nada. Ela não olha pra ninguém. Agora somente com a iluminação de uma lua cheia o recinto ganha uma luminosidade mística um ar diferente.

Maria caminha com toda calma do planeta. Agora ela é observada silenciosamente por todos. Ela está a meio caminho da piscina, no centro do gramado, de costas para o grupo. Descalça os chinelos, solta os cabelos… Permanece alguns segundo imóvel, começa a tirar a camiseta. Alguém pergunta sobre seus atos dizendo simplesmente seu nome:

– Maria!

Ela não se virá. Desce a bermuda e se livra da calcinha. Ai responde se soltando ao chão.

– Vou tomar um banho de lua. Estou com desejos.


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Cako Machini
Cako Machini
Desde 1953 também responsável pelo mundo que vivemos. Publicitário, marqueteiro, empresário. Criativo, amante das artes. Resolvido a viver o Outono de sua Vida junto a natureza, priorizando as palavras e as viagens.

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