Muito importante.
Para os dias atuais essa informação é muito importante. Cruzei com somente uma viatura policial durante todos os três dias que passei na cidade. Eles apareceram somente durante o show sertanejo na noite do sábado. E ficaram estacionados num canto da praça. A cidade não tem nenhum esquema de patrulhamento ostensivo (eu não vi ). Não faz falta. Em nenhum momento percebi algum local, algum grupo, alguma atitude que não fosse harmônica. A cidade é tranquila, pacífica, saudável como poucos locais são e como todos deveriam ser. Não se acanhem em pensar que educação é mais produtivo (e mais inteligente do que repressão).
Acesso A Rod. Osvaldo Cruz liga Taubaté, na verdade a Rod. Dutra, a Ubatuba. É uma rodovia de traçado muito antigo e o trecho de serra é complicadíssimo. São Luiz de Paraitinga fica no Km 42. A serra fica após esse ponto. A distância de São Paulo é de 180 km. Saindo do Rio de Janeiro você roda 320 km Encontramos (Maio de 2015) a rodovia em ótimo estado de conservação O trecho é bem servido de postos e restaurantes.
Cidade Essa povoação começa em 1769 as margens do Rio Parahytinga, que em Tupi significa “águas claras e ruins ”. O ruim fica por conta do traçado acidentado e com as diversas quedas existentes no rio.
Experimentou no final do século XIX, começo do século XX, seu auge de progresso em função do ciclo do Café. Na sequência amargou um período de estagnação econômica. A intensidade dessas fases ocasionou a preservação de um número considerável de imóveis. São Luiz de Paraitinga tem uma extensa área tombada pelo IPHAN com mais de 500 imóveis que formam o maior conjunto arquitetônico preservado do estado de São Paulo.
Atrações e Interesses Somando ao patrimônio histórico a cidade oferece excelentes condições para prática de Rafting. Tem um calendário de festejos populares intenso. Com destaque para o Carnaval, a Festa do Divino, o Concurso de Marchinhas Carnavalescas, e o Festival de Músicas Junina. Todos com muito histórico e tradição.
Francamente, hesitei várias vezes retornar a São Luiz de Paraitinga. Tinha medo de não encontrar o casario que tanto me impressionou. Ou encontrar uma reconstrução que não levasse em conta o valor histórico daquele que era e é o maior patrimônio arquitetônico preservado no estado de São Paulo. São +- 500 imóveis, basicamente do século XIX que estavam em excelente estado até 1de Janeiro de 2010 quando uma inexplicável enchente fez a cidade, literalmente, submergir. O rio Paraitinga subiu surpreendentes 10 m acima do seu volume normal. Boa parte do centro histórico ficou submersa.
Reversão total de expectativas. Encontramos uma cidade refeita. Refeita com critério, sensatez. Os prédios públicos como o mercado, as praças, o coreto, as igrejas, tudo restaurado com o máximo profissionalismo. Um excelente trabalho. Ainda é possível ver imóveis a serem restaurados e alguns terrenos denunciando que aquele imóvel foi totalmente destruído, no conjunto São Luiz de Paraitinga está com o ótimo charme de sempre.
Os Anjos, atletas e heróis Quem gosta de esportes radicais. Quem quer conviver, conhecer gente bonita e cheia de atitude. Todos que gostam de água, cachoeiras, dos presentes da natureza encontram em São Luiz de Paraitinga um ótimo destino. http://www.ciaderafting.com.br/ www.montanarafting.com.br/
Essas empresas promovem atividades radicais. Faço questão de divulgar essas empresas pelo papel imprescindível nessa gente quando da tragédia do dilúvio de 2010. Não é linguagem figurada, a cidade ficou literalmente debaixo d’água. O papel desses atletas e do seu equipamento, foi angelical, foi Divino. Essa atuação salvou muitas vidas. A água subiu rapidamente e em condições nunca vista antes. Era uma situação mais do que anormal. Pessoas tentando se proteger subiram para os telhados das casas. A única forma de tirar essa gente do isolamento foi o uso os botes das equipes de rafting. Obrigado gente de atitude e de bom coração .
Dom Pedro II
A história conta que D. Pedro II visitando a cidade, fez um elogio e classifica a cidade, “A cidade Presépio”. A cidade é acessada pela Rodovia Osvaldo Cruz. Esse acesso é uma descida em curva. A cidade se instala na lateral de um vale. A visão de chegada é realmente interessante. Sempre lembro e comparo a visão da chegada a São Luiz com a formatação do presépio napolitano instalado no Museu de Arte Sacra de São Paulo. Uma coisa me remete a outra e ambas me felicitam e encantam.
A tradição da Festa do Divino vem desde o princípio do século XIX. Hoje é considerada a festa mais importante do município.Contados 40 dias após a Páscoa são marcados 10 dias de festa.
Sexta feira, a festa começa com a abertura da sala do Império e de uma missa para benção das bandeiras. É o primeiro dia da reza da novena. Durante todos os outros dias da festa a missa e a novena se repetem as 19h00min.
No sábado, na tarde da tarde temos o encontro das bandeiras. O povo da cidade vai levando a bandeira em romaria até a entrada da cidade e encontra os moradores da zona rural que também em romaria trouxeram a sua bandeira. Um grupo oferece sua bandeira ao outro e todos juntos vão em formação até a igreja do padroeiro da cidade.
Império é o nome dado a um recinto onde estão guardadas os estandartes, as bandeiras, a coroa. Onde existe um altar com a representação do Espírito Santo. Os fiéis devem passar pelo Império, usar o genuflexório para reverenciar o Divino e fazer suas preces.
Após 50 dias de sua ressurreição, Jesus envia aos apóstolos o Espírito Santo de Deus para qualificar os Apóstolos para que fosse iniciada a pregação universal. Esse evento foi chamado de Pentecostes e é entendido como o nascimento da Igreja. Esse ato foi a conclusão da preparação dos apóstolos realizada por Jesus durante 40 dias. A base desse preparo estaria resumido em sete fundamentos, esses são os dons do Espírito Santo: Piedade, Temor de Deus, Conselho, Ciência, Fortaleza, Sabedoria, Inteligência.
Esse prato tem origem parecida com a da Feijoada. Um prato de senzala, um prato de sobras. Explicando melhor. Um prato do que era disponibilizado para os escravos, ou os mais humildes.No original se usava carne de segunda, principalmente costela, batatas e o que houvesse de legumes disponíveis.
Tudo era cozido com muita água. A mistura ia se apurando. As batatas e os pedaços de carne acabavam boiando, daí o nome Afogados.
Em algumas regiões o prato leva o nome de Vaca Atolada. Nessa versão a batata é substituída pela mandioca.
Em algumas cidades onde a Festa do Divino também é muito tradicional, o Afogado é vendido (a renda sempre é dirigida a caridade).Mas estamos falando de São Luiz de Paraitinga e lá a tradição é fornecer Afogado aos fiéis. Antigamente a figura do festeiro era na verdade era aquele que patrocinava, pagava, financiava a festa. Os fiéis vinham de longe, era gente muito humilde. Os festeiros elegeram esse parto para ser dado com fartura aos devotos.
Amigos, os mais humildes levam vasilhas e se abastecem de Afogados por vários dias. Hoje o festeiro é quem percorre as casas dos moradores, pedindo auxilio financeiro para a festa. Podemos dizer que hoje é a comunidade que banca sua festa. Nesse primeiro sábado da festa, que, aliás, não será o dia mais visitado da festa, foram abatidos 20 bois.
Os voluntários (e não é pouca gente) incumbidos do preparo do Afogado em São Luiz seguem um rito secular. O pátio do, também secular, Mercado Municipal é transformado em cozinha. Tachos com tamanho equivalente a caixas d’água de 1000 litros. É construída uma estrutura em ferro, revestida de tijolos de barro para acomodar os tachos. O combustível continua sendo lenha.
Vou repetir que quem só curte o destino não sabe viajar. Em cada curva do caminho está uma novidade. Você acessa São Luiz de Paraitinga pela Rod. Osvaldo Cruz, que aliás tem esse nome por que o sanitarista homenageado é filho ilustre de SLP.
Essa rodovia liga a Rod. Dutra (em Taubaté) até Ubatuba. O trecho de serra tem um traçado antigo e delicadíssimo, mas até SLP não existem dificuldades, o traçado é bom e a conservação está (hoje Maio/2015) muito boa.
A rodovia tem um bom visual e bons recursos. O que mais me chamou a atenção foi a grande quantidade de capelinhas ao longo da rodovia.
Aprendi que uma capelinha é erguida para homenagear alguém morto naquele local. Existem dúzias de capelinhas nessa rodovia. Sem comentários. Meu avô chamava essas capelinhas de Guarda de Finado. Se certo, se apropriado, sei lá, mas esse termo sempre me impressionou muito.
Essas Guardas de Finado acabaram sendo usados pela população para um respeitoso descarte de imagens sacras. Devo confessar que já parei “n” vezes nessas Guardas para olhar essas peças sacras.
Além da quantidade as capelinhas dessa rodovia são de um tamanho que impressiona. Mais excêntrico ainda é encontrar capelinha dessas dentro do centro urbano de SLP e ostentando inclusive o nome do finado homenageado. Gostaria de saber mais sobre essa “tradição” da região.
Aleatoriamente paramos na Churrascaria Nenê Grill, no Km 12. Foi uma surpresa mais do que positiva. Fomos recepcionados pelo Léo, um garoto sorridente, gentil, atencioso sem ser pegajoso. Luna e eu temos um código de conduta. Quando paramos em algum lugar para comer, vistoriamos o ambiente e olhamos a comida. Havendo veto por qualquer motivo de qualquer um dos dois, saímos e vamos para outro estabelecimento. Local rústico, cozinha caipira, decoração simples e coerente, ambiente arejado, comida atraente, trocamos o olhar de aprovação e sentamos. A casa opera um grande fogão a lenha onde são colocados os pratos quentes e duas mesas laterais onde estão os frios e as saladas e em outra as sobremesas. Tudo dentro do conceito de comida caipira.
Luna, nesses lugares fica alegre por encontrar Quiabo, Jiló, Abobrinha, coisas geralmente não oferecidas nos cardápios mais cosmopolitas. Comemos bem. Sem dúvida, todos, a garota que reabastece as mesas, o garçom, o caixa não economizam sorrisos.
Que tipo de ambiente e decoração você pode esperar de um restaurante com o nome de A Bica do Curió? Errou. O local, hoje, ostenta uma decoração que absolutamente nada tem a ver com o nome.
Tenho certeza que o que vi foi efeito de um delírio. Onde inexperiência, muita grana e vaidade se fundiram promovendo um verdadeiro desastre visual. Belas e caríssimas peças de mobiliário antigo convivem com ridículos trastes da cultura kitsch. O ambiente mais do que atulhado ostenta uma dúzia de lustres de “Cristal” fabricado na China, misturados com toda sorte de peças tacky.
O idealizador do inigualável ambiente consumiu todo o estoque de tinta “Cor-de-Rosa-Salmão-Carmim” disponível no hemisfério. Tudo o que era possível ser pintado ganhou essa cor. Junto com tanta ostentação existem dois exemplos gritantes de falta de visão e conhecimento. O uniforme dos funcionários (camisetas na cor Rosa, claro) ostenta propaganda de patrocinadores externos. Cadê o charme?
No chão em granito é possível identificar aquilo que se chama de restos de marmoraria, sobras de pedra resultado do recorte para instalação de cubas e torneiras. Não tentem imitar, seria preciso além de muito dinheiro uma vocação extraordinária para um resultado tão desastroso. Mas nem que o Curió do nome fosse o bicho mais viado da floresta ele concordaria com aquele ambiente. Coitado do Curió.
Cada qual gasta (mal) seu dinheiro da maneira que quiser. Faço essa ácida critica em função de que o projeto cria uma atmosfera horrível para quem está no ambiente onde a comida está disponível. A temperatura desse recinto é muitos graus mais alta que do restante do restaurante. Não brinco é incomodo mesmo. Isso é agravado quando vemos a posição de trabalho do churrasqueiro. Qualquer inspeção da fiscalização do trabalho vai considerar insalubre o ambiente do churrasqueiro. É uma maldade querer ostentar tanto e deixar funcionários e clientes expostos a tanto desconforto. Essa situação de desconforto não é notada de imediato. Não me retirei do local em função de Luna já havia se servido e estava consumindo sua refeição. A comida é boa, mas me recuso a voltar.
São Luiz de Paraitinga é o maior conjunto arquitetônico preservado do estado de São Paulo. Esse conjunto de +- 500 imóveis do seu centro histórico foi edificado basicamente no século XIX. Nesse período houve uma expansão econômica muito forte pelo auge da produção de café.
O final do ciclo do café deixou muitas cidades a margem do desenvolvimento econômico. Essa foi à causa da preservação do patrimônio arquitetônico de São Luiz, a cidade ficou estagnada!
São Luiz de Paraitinga tem datas marcantes. Vale a pena dar uma olhadinha no calendário oficial. http://www.saoluizdoparaitinga.sp.gov.br/site/calendario/
As festas visam perpetuar as tradições culturais da região e se expressam ou na culinária ou na expressão artística.
Na culinária além do Afogado na Festa do Divino, temos o Festival de Comida Caipira, e também uma forte presença em festejos como os eventos juninos. Na expressão artística SLP tem o Concurso de Marchinhas Carnavalescas. Evento muito concorrido que já tem mais de três décadas de prestígio e tradição. O carnaval de São Luiz de Paraitinga tem fama e prestígio. Vale nota o originalíssimo Festival de Musicas Junina (já viram isso?).Nesse festival vale o tema, mas o ritmo pode ser qualquer um desde que seja de raiz, Xote, Sertanejo, Baião, etc..
Muito original também são os prêmios desse concurso, na parte prática os vencedores recebem bezerros, leitoas, galinhas como prêmio.
Esse é um evento paralelo a realização do Arraial Chi Pul Pul. Estranharam o nome? É bem original, foi escolhido para reproduzir o som do Rojão de Vara. A sabedoria popular diz que o Rojão de Vara é fundamental nas festas religiosas pela simbologia de afastar os maus espíritos.
Os bonecões de SLP têm nome, sobrenome, identidade, história e tradição. A mais de 100 anos são figuras certeiras e constantes de todas as festas profanas e religiosas de SLP.
Os bonecões de SLP têm nome, sobrenome, identidade, história e tradição. A mais de 100 anos são figuras certeiras e constantes de todas as festas profanas e religiosas de SLP.
O comerciante português João Paulino entendia que as crianças não eram assistidas nas festas da cidade. Nada era feito em atenção aos mais novos que se entediavam e se afastavam das festividades. Com essa intenção construiu os primeiros bonecos.
O personagem masculino ganhou seu nome e o feminino em homenagem a sua mulher ficou batizada de Maria, com o sobrenome Angu em referência a massa dos pasteis que vendia pela cidade.
O “bonequeiro” da cidade hoje é o Sr. Benício. Não consegui encontrá-lo. Me indicaram a casa, mas ele não coloca nenhuma identificação na sua casa. Adoraria ter conversado com ele.
A programação de eventos da Festa do Divino abriga outras tantas manifestações da Cultura Popular.
Moçambique e Congada são tradições do sincretismo religioso e mesmo que não digam diretamente louvor ao Divino tem nessa festa seu espaço.
As apresentações são realizadas na rua na frente do Império. Veja a programação, participe.
Leitor, não seja esnobe e não diga que não perderá seu tempo vendo uma dança matuta. Não precisa ser fanático por folclore para gostar. Aquilo é um espetáculo, que tem uma tradição, que mistura sons, performances, coreografia, que sobrevive praticamente por tradição orar e não conta com nenhum recurso de produção.
Prestei muita atenção na platéia. Gente legal, prestando atenção, sorrindo. Que tenham ido por curiosidade, o importante é que estavam curtindo.
O Vale do Paraíba é a região do Brasil onde mais se encontra essa manifestação. De origem imprecisa encontra correspondentes na cultura popular de muitos países na Europa. Aqui tomou um tempero africano e acabou sendo um louvor voltado a São Benedito. E como em tudo que tem aspectos religiosos católicos e influência africana, Maria na identidade de N. Sra. das Mercês está presente.
Os participantes se alinham aos pares e “esgrimam” usando duas varetas de pau. A coreografia vai ganhando dificuldades, os passos vão ficando mais complexos e isso vai chamando e prendendo a atenção.
Um cinto com guizos é preso nas pernas dos participantes que batendo os pés no chão marcam o ritmo.
No paralelo a música cantada pelo grupo vai mudando. Sempre no mesmo ritmo, sempre na mesma tocada, mas dizendo coisas completamente diferentes.
Rei Congo e a Rainha Ginga (a mais importante figura do enredo). Não deixa de ser uma procissão. Começa e termina numa igreja e seus cantos são normalmente louvações. Seu ritmo e coreografia são leves e alegres.
Estar em SLP significa ter proximidade acesso a pessoas de muito talento. É a cultura viva.Talvez pela difícil luta do artista brasileiro em sobreviver, ou por “excesso” de talento, alguns indivíduos de São Luiz de Paraitinga, tem performance excelente em mais de uma expressão artística. Vejam.
Na primeira vez que estive em SLP comprei uma peça muito interessante. A cena do nascimento de Jesus (como nos presépios) moldada em barro, pintada e montada numa cabaça cortada ao meio. O charme ficava pelo bilhete anexado pelo autor descrevendo o trabalho. Um pedaço de folha de caderno escrito a lápis num português sofrível. Na época não souberam me dizer nada sobre o autor.
Nessa última viagem conheci toda a estória e o autor, Sr. Geraldo Tartaruga. Filho de uma família de artistas. Artistas na arte de dar forma ao barro reproduzindo as figuras da região. Artistas na arte ouvir, contar, perpetuar lendas, causos e estórias.
O talento do Seu Geraldo Tartaruga já foi exportado de SLP. Procure ele tem livros publicados, ou veja na internet os vídeos do contador de estórias em atividade.
Assistindo aos vídeos repare na simplicidade do ambiente e reflita se esse país valoriza, ou pelo menos, trata com alguma justiça um difusor de cultura. Um artista talentoso que cria “tudo junto e misturado.
http://pontodeculturaparahy.blogspot.com.br/2012/02/geraldo-tartaruga.html
A arte desse brasileiro é uma versão da literatura de cordel. Esse contador de estórias confecciona imãs de geladeira contendo uma sinopse das estórias que conta.
A peça vale pelo esforço de se divulgar, pela luta do artista brasileiro para fazer sobreviver a si, a sua arte, a cultura popular.Esse autodidata, como pintor já foi exposto e premiado nacional e internacionalmente. Faço questão, acessem www.josecarlosmonteiro.xpg.com.br conheçam a vida e vejam o vídeo interpretado por esse batalhador. Nosso artista tem filme autoral gravado. Livro concluído sem publicar. As políticas públicas de apoio aos nossos artistas genuínos precisam ser mais eficientes.
Nesse trabalho comento com mais detalhes sobre os artistas que conheci que convivi. Sei que a cidade tem muito outros talentos, peço respeitosamente desculpas aos que ainda não tive o prazer e a honra de conhecer.
Um artista que faço questão de conhecer é Ditão Virgilio um declamador, um contador de causos e lendas especializado em Sacis.
Ele publica uma série de Literatura de Cordel que está com mais de 100 títulos, Estórias de uma perna só. Recomendo acessem https://www.youtube.com/watch?v=xZp_belBSus http://www.ditaovirgilio.com.br
Num primeiro momento se pensa – Como pode um município tão pequeno, tão “afastado” dos grandes centros conter tantos talentos? Errado, o correto é entender que por ser pequeno e mais exatamente por estar afastado dos grandes centros, não o surgimento, mas a identificação desses talentos que se apropriando de um termo mais moderno podemos ousar e classificá-los como “multimídia” . A recessão econômica, o isolamento fez com que a cidade ficasse quase que a margem de elementos como a TV por exemplo. Ai se cultuou a palavra, o convívio, a arte da difusão oral, as rodas de conversas.
Repare que as expressões culturais de SLP que mais se destacam sempre apresentam essa essência de coisa genuína, coisa de época. Concurso de Marchinhas de Carnaval, Festival de Comida Caipira, Concurso de Música Junina…..
Qualidade
Já destacamos que o fator Segurança conta muito a favor da decisão de viajar até SLP. Repito. Só vimos policiais perto do show que rolava no final da noite de sábado. O ambiente é calmo, não vi nenhuma situação, pessoa, comportamento que implicasse algum cuidado. Nada me constrangeu, nem atemorizou. Veja. Um ambulante que negocia plantas deixa seu estoque guardado entre uma cerca tapume que protege um imóvel danificado pelo dilúvio de 2010 e ainda não restaurado. Gente qualquer pessoa pouca coisa mal intencionada poderia “aliviar” alguma coisa desse estoque. Tá bom prá você? Também nenhuma queixa sobre conservação urbana. Cidade limpa, nada de lixo, estorvos pelas ruas, pichações, vandalismo, nada. E que Deus permita tudo continue assim. Minha tese é que a vocação para atividades coletivas é a essência desse comportamento.As melhores expressões da sociedade têm zero de tecnologia e 10 de ação coletiva. Reflitam.
Pousada Sertão das Cotias
Localizada na própria Rod. Osvaldo Cruz exatamente no trevo de acesso a São Luiz de Paraitinga. Afastada do Centro Histórico 2 km, acesso ótimo. Excelente nível em qualquer quesito que possa ser relacionado quando se avalia hospedagem. www.pousadasertaodascotias.com.br
Faço duas observações que podem, devem servir a direção de qualquer estabelecimento.
Tem que haver uma vistoria periódica em todas as dependências do estabelecimento feita por alguém da diretoria. Ou chegando ao exato profissionalismo buscado, contratar ciclicamente um “Cliente Oculto”*, pessoas no comportamento de hóspedes analisando o estabelecimento.
Ocupamos um quarto limpo, bem conservado, etc. Onde, porém os dois dimmers que ativam as luzes laterais (abajures?) não funcionavam. Se as lâmpadas estavam queimadas, os interruptores danificados, isso é assunto para a manutenção. Ficar sem iluminação indireta não é boa coisa.
Gostaria de saber quando os projetistas, os engenheiros e os donos de pousadas irão entender que puxadores de porta e manoplas de torneiras cilíndricas são peças horríveis de serem manipuladas. Qualquer defeitinho, ajuste, nível resulta em esforço. As duas portas (banheiro e entrada) tinham seu acionamento prejudicado especialmente pelo infeliz modelo escolhido.
A cidade é pequena, mas com vocação turística. O número de estabelecimentos de Comes & Bebes é bom e o nível mais do que satisfatório.
Beliscos de rua, coisinhas de padaria, café e chocolate, refeições, tudo que consumimos estava ótimo.
Cantinho dos Amigos
É a maior casa da região. Seu básico seria comida caipira, mas serve de tudo, inclusive Pizza. Você sai satisfeito. Ambiente, cozinha, qualidade, atendimento, preços, tudo está num bom padrão.
Tempero da Terra
João Paulino e Maria Angu (os tradicionais bonecos da cidade) guardam a casa mais simpática e gentil da cidade. Você comera bem e receberá simpáticos sorrisos. Os pratos são fartos e de qualidade.
Espaço do Rei
Uma lanchonete com mania de grandeza. Todos os pratos são muito grandes (os preços são razoáveis).
Luna resolveu pedir uma Batata Recheada com Creme de Cheddar. Olha… nunca vi uma batata daquele tamanho, e ainda vem coberta de batata palha. Não é um lanche, é uma refeição, e das boas. Meu sanduíche de Linguiça também impressionou. A qualidade acompanha o tamanho dos pratos.
Bella Itália
Não consumi, mas se a pizza for tão agradável como a conversa do proprietário Amarildo….está ótimo. Fiquei interessado por ele ter colocado um cartaz anunciando “Curso para Pizzaiolo”. Segundo ele é muito difícil conseguir encontrar profissionais que tenha razoável experiência e conhecimento sobre a cozinha de uma pizzaria. Ele tem uma teoria interessante sobre a impressão de simplicidade que o trabalho numa pizzaria passa e a falta de empenho dos profissionais em adquirir conhecimento. Nessa tese todos se entendem qualificados para serem Pizzaiolo e não vêem na função nem status nem possibilidade de carreira. Seu curso propõe fornecer prática e conhecimento muito além do óbvio. Boa sorte Amarildo.
Não coloco endereço dos estabelecimentos. Vocês irão tropeçar neles. Estão todos muito próximos entre si e dentro da restrita área do Centro Histórico.
Hoje é basicamente um recinto de eventos. Visitei no sábado pela manhã e encontrei. – O pátio central transformado numa imensa cozinha para preparação do Afogado. – Num dos bares as mesas estavam ocupadas com jogadores de carteado, jogando Truco e Tranca. – No outro bar vários violeiros se revezaram cantando música sertaneja de raiz. – Em várias barraquinhas improvisadas eram oferecidos alimentos preparados a partir de produtos da terra. Doces, compotas, frutos e verduras “crioulos, nativos” – Hoje a maioria dos boxs comercializa artesanato.
Na festa? Todos a caráter…
O uso do tecido Chita é muito difundido. Na decoração forra paredes, cobre mesas, reveste abajur. Muita roupa feminina também é feita nesse tecido.
SLP tem uma tradição curiosa. Tem roupa quase que “oficial” para as festas profanas. Saias bermudas (imensas), camisas, bonés e blusas confeccionadas em Chita ou em colagem de recortes. A adesão da população a esses trajes é muito alta.
Vamos lá, estamos contando sobre a Festa do Divino, a principal data do calendário de SLP. É uma festa, antes de qualquer coisa, religiosa, não dá pra aceitar que em alguns horários as igrejas da cidade estejam fechadas.
Reforço a crítica especialmente contra a Igreja católica. Essa instituição possui templos e edificações maravilhosas*, fechá-los é um “pecado”
A igreja matriz (São Luis de Tolosa*) e a igreja de N. Sª. do Rosário são lindas. A Matriz foi totalmente destruída no dilúvio de 2010, está corretamente reconstruída.
Aliás, o processo de restauração foi maximamente profissional. O resultado ótimo e ter deixado ruínas remanescentes da primeira construção foi uma ideia feliz.
A Igreja do Rosário é linda, está muito bem restaurada também. Não se pode privar o público dessas atrações. Vídeo sobre a restauração, assistam https://www.youtube.com/watch?v=bUhb3EeEqxA
A Capela de N. Sª das Mercês, também dentro do centro histórico, nessa viagem, nem conseguimos visitar. Estava fechada (?) em todos os dias e horários que passamos por ela.
Os organizadores, as autoridades devem entender que os turistas, os visitantes, são clientes, merecem o melhor, devem receber toda a atenção. Alguém fica no mínimo contrariado quando não consegue visitar alguma atração. Senhores. Não falta dinheiro, falta visão.
O Show
Toda noite nos finais de semana da festa, na praça da matriz corre solto um show sertanejo. Atração de sábado 16/05 Grupo Orgulho Caipira apresenta No Tacho do Sabão e no Passo do Caranguejo
Tenho minhas reservas quando se trata de Sertanejo Universitário (nome bobo!), mas os protagonistas desses shows não artistas da região com trabalho mais voltado pro tradicional.
O show foi ótimo. Grupo Orgulho Caipira, gente animada músicas agradáveis. Eu conhecia pouco do repertório e gostei das novidades. Participem do show.
www.youtube.com/watch?v=XzwfPMODeto www.youtube.com/watch?v=RaTib9USMzU www.youtube.com/watch?v=CYqi8myAPQo
O repertório do Orgulho Caipira não passa por aquela horrenda “cornocultura” usual nesse segmento chamado pela sempre lembrada cantora, apresentadora e folclorista Inesita Barroso. Vejam.
Além desses versos que em comparação com tantos outros chegam a ser inocentes, gostei muito de alguns números da dupla que remetiam ao Repente. Gostei.
Principalmente viajando, sempre estamos prontos para curtir de tudo.
No palco o show corria solto. A praça estava bem cheia de gente. Sentamos na escadaria da igreja matriz, ficamos curtindo. Reparamos, no canto da praça havia um aglomerado de pessoas usando chapéus com abas imensas. E vários pares dançavam.
Além dos chapéus, todos estavam tipicamente “paramentados” de Sertanejo Chic. Sinceramente, estavam charmosos. Era gente bonita, jovem, alegre, nos interessamos.
Convidei o Cako, na verdade avisei a ele que queria me aproximar. Também não era exatamente ficar próxima. Fui pro meio da galera. Sorri pra todos e fui me enturmando.
Dança é sensibilidade, conheço pouco dos passos swingados por eles, mas expressávamos nossa alegria. O Cako é um pouco mais reservado, mas ele sempre vem junto.
Luna é muito decidida (também) quando a questão é aproximação entre pessoas. Uma mulher linda e alta sempre chama a atenção e ela tem uma linguagem não verbal que faz muita diferença. Luna coloca rebolado de samba em qualquer coisa que estiver fazendo.
Comentários sobre as roupas, sobre os passos da dança, todos foram se tornando mais próximos. Luna foi variando de parceiros, mexendo com todos e todas.
Acho que era por volta de meia noite quando o show acabou. Todo mundo ficou se abraçando. Na sequência nos acomodados nas mesas de um bar na praça, ficamos papeando. A maioria eram pessoas vindas das cidades do Vale do Paraíba. Muitos já se conheciam.
Alguns casais de ficantes não exatamente fixos foram se formando. Entramos no clima. Esticamos a noite com mais quatro pessoas. Curtimos muito.
Viajar, fazer o que chamamos de Andanças é isso. Sair para algum destino curioso, atento, sem intenção determinada e estar aberto para aproveitar, conhecer, curtir tudo que se apresenta. Afinal eu e Luna partilhamos o pensamento… Podemos fazer de tudo, fazer qualquer coisa, qualquer coisa que seja reversível.
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