Você se propõe a fazer um passeio diferente. Resolve que esse programa deve ter várias atrações e claro uma ótima recompensa gastronômica. Tá resolvido! Vá se divertir em Piracicaba. Vá na Rua do Porto. Vá comer um peixe escolhido por você e preparado ali na sua frente.
A Rua do Porto é um dos recantos que compõem o complexo turístico do Rio Piracicaba. Você tem o salto do rio, uma usina hidroelétrica secular, algumas construções históricas. Na margem oposta estão as instalações do imponente Engenho Central devidamente preservado, tombado e transformado num incrível centro de lazer.
Quer ir? Faça ou repita esse passeio entre os meses de Agosto e Outubro. É quando Piracicaba realiza mais uma edição do seu mais do que afamado e tradicional Salão do Humor de Piracicaba. Um evento imperdível. Piracicaba, eu recomendo!
A cidade
Piracicaba surgiu em função da necessidade de apoio aos que circulavam pelos rios Tiete e Paraná. O rio Piracicaba é um importante afluente do Tiete, daí se escolheu esse sítio para criação de um povoado.
A região foi um importante pólo produtor de Cana de Açúcar, foi grande produtora de álcool.
Outro destaque é a cultura. Piracicaba abriga a tradicional Escola de Agricultura Luís de Queiroz e um grande número de outras faculdades.
Mas o elemento básico de tudo foi e é o rio. O Rio Piracicaba determinou a localização do povoado. O salto do rio permitiu a instalação da usina geradora de energia, que permitiu a construção do Engenho Central, que foi um dos mais importantes engenhos de açúcar e álcool do Brasil. E hoje essa região revitalizada é um tremendo pólo de recreação e lazer. Casa do Povoador, Casarão do Turismo, Museu da Água. Essas instalações ocupam edificações bem antigas construídas para outras finalidades e que hoje preservam a memória da região.
A Rua do Porto. Como a cidade se desenvolveu em torno do rio Piracicaba, a Rua do Porto sempre teve sua importância. Ontem em suas funções originais e agora como um diferente e inusitado centro gastronômico, que tem como sua principal atração o peixe.
Eu não conheço outro lugar onde os restaurantes funcionem dessa maneira.
Primeiro, é preciso dizer que o complexo gastronômico da Rua do Porto ocupa uma extensão de +- 600m., ocupados por dezenas de restaurantes, um ao lado do outro e todos funcionam da mesma maneira.
Repito, não conheço nada igual. Você recebe um cardápio onde constam listados vários tipos de peixes com preços informados por quilo. Depois você se dirige a uma grande grelha onde estão expostas postas de peixe de vários tamanhos. Essas postas não estão cruas, elas foram levemente ao fogo e são mantidas com algum calor. Você escolhe a posta, que é pesada e segue para outro trecho da grela para acabar de ser preparado. O prato é servido com os acompanhamentos escolhidos.
Essa grelha parece e funciona como uma grande churrasqueira. Só que ali não há carne somente peixe.
E as postas impressionam, tudo forma um apetit-appeal que remete à gula. E pode ser bem exigente em matéria de limpeza, apresentação, presença de moscas, dificilmente você terá motivo para se decepcionar.
__________________________________________________________________________________ Quem gosta de cozinhar e gosta de surpreender os amigos deve aprender a receita desse típico prato da Serra Catarinense, Entrevero. Uma incrível mistura de carnes, legumes e pinhão. Conheça a receita e a história. Outra dica culinária, essa bem mais urbana é encontrar uma das melhores cozinhas árabes do Brasil, a Esfiha Juventus comandada por uma família quase italiana, num bairro (a Moóca) e com sua história associada a um time da colônia italiana.
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Pra quem gosta de peixe, quero deixar duas outras dicas. Bastante perto da cidade de São Paulo, no esquema de passeio que pode ser feito num único dia está Cachoeira de Emas. Esse distrito fica no município de Pirassununga num ponto do Rio Mogi Guaçu. Existiu no local uma pioneira usina de energia elétrica e sua barragem hoje é ponto turístico. Nesse parque existem diversos restaurantes onde Peixe é a especialidade. Lá, conheci e amei uma receita inusitada e inesquecível. Um peixe grelhado envolto em bacon. Experimentem.
Quem resolver conhecer o encantador Lago de Furnas deve ir a Capitólio e não pode deixar de conhecer a Tilápia Recheada. Acessem a matéria e conheçam essa feliz invenção..
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O glorioso Salão Internacional de Humor de Piracicaba, só existe porque a repressão do regime militar era burra. Redundância a parte, eles não foram capazes de enxergar os explícitos sinais conspiratórios.
Conta a lenda que alguns jornalistas, artistas e intelectuais piracicabanos costumavam se reunir num bar chamado Café do Bule para fazer aquilo que erroneamente ficou taxado de “Jogar conversa fora”.
Em se tratando de pensadores, Café deveria ser quando muito somente o nome do estabelecimento, mas isso a história não comprova nem desmente. Não esqueçam que Piracicaba é centro de estudos e produção da Cana de Açúcar que serve inclusive e principalmente para produção da nossa louvável Cachaça.
Como todos os seres pensantes desse Brasil os habitués desse dissimulado Café, estavam inconformados com o estilo de democracia imposto aos brasileiros e resolveram incentivar a produção da mais letal arma contra toda e qualquer opressão: o Humor. Não esqueçam. Nada mais subversivo do que o humor.
Os registros indicam os nomes de Alceu Marozzi Righeto, Adolpho Queiroz e Carlos Colonnese, como articuladores de uma proposta incomum e ousada: Criar uma exposição de cartuns, de humor numa cidade interiorana.
A idéia era pegar uma carona na Exposição de Arte Contemporânea de Piracicaba.
A primeira edição do Salão Internacional de Humor de Piracicaba ocorreu em 1974 e desde sempre contou com trabalhos produzidos pela elite do humor gráfico brasileiro. Os cartunistas do Pasquim sempre estiveram presentes.
Há uns 4, 5 anos atrás visitei uma edição onde estava exposta uma resenha dos melhores (?) trabalhos das mostras anteriores. Vendo a forma ácida como o regime militar era criticado fiquei com a certeza. A repressão foi muito burra. Subestimou (como sempre) a capacidade de articulação do povo e a letalidade do humor no combate a opressão, e não deu credito a uma ação promovida fora dos grandes centros.
Sem exceção todos os grandes cartunistas brasileiros tiveram trabalhos expostos no Salão Internacional de Humor de Piracicaba. (Ziraldo, Jaguar, Fortuna, Ciça, Millôr Fernandes, Paulo Francis e Zélio Alves Pinto. Henfil, Luis Fernando Veríssimo, Paulo Caruso, Chico Caruso, Miguel Paiva, Angeli, Laerte, Glauco, Edgar Vásquez, Jaime Leão, Gual, Jal). O salão não está somente aberto a artistas internacionais, a cada edição o número de inscrições do exterior cresce.
Mesmo havendo um critério de seleção dos trabalhos expostos, visite o salão com expectativa de ver muitos e muitos (são expostos algumas centenas) de trabalhos de muita qualidade.
Eu gosto de humor. Gosto da subversão, em todos os sentidos que o gênero oferece. Já visitei algumas vezes o Salão de Humor de Piracicaba, pretendo voltar outras tantas. _________________________________________________________________________________________Falar de humor de qualidade, falar de cartunistas, de repressão política sem falar no Pasquim sempre ficará incompleto. Conheça a ” A Famosa Gripe do Pasquim”. Outro humorista que merece ser lembrado é Dom Rossé Cavaca, o homem que adotou o lema …… “De tanto ver triunfar as nulidades, resolvi fazer uma tentativa” ___________________________________________________________________
Construído no final do século XIX, poderia ser considerado uma revolução. Era um mega empreendimento para modernizar a produção de açúcar. Numa área de 80.000m², com área construída de 12.000m² máquinas substituíam a mão de obra humana na produção açucareira.
Com o nome de Engenho Central, foi construído pelo Barão de Rezende. Acompanhado o possível e necessário para a época, foi edificado as margens de um rio no ponto onde esse apresentasse uma queda d’água para a necessária geração de energia elétrica.
Foi desativado em 1974, tombado como patrimônio histórico e corretamente adaptado para ser um incrível recinto de cultura e lazer. Além de abrigar os principais eventos da cidade está a disposição da população como área de convivência e lazer.
É palco do mais importante evento da cidade, o tradicional Salão Internacional de Humor de Piracicaba.
Com origem assemelhada ao Salão do Humor a Banda do Bule foi gestada no mesmo útero, o bar Café do Bule. A ideia era um evento que se assemelhasse a Banda de Ipanema. Poucas regras, muita descontração e a presença não combinada de uma bem humorada crítica social. Como Piracicaba tem pouca tradição futebolística e se nutre uma unanimidade em torno do centenário e lendário XV de Novembro, a crítica foi toda direcionada a política. Dizem que a Banda do Bule é o braço ainda mais anárquico do Salão de Humor.
No carnaval de 1977 a banda saiu pela primeira vez. Por imposição ou gratidão ganhou o nome de Banda do Bule que segundo seus idealizadores homenageava Wilson Balassini proprietário do estabelecimento que ofereceu ou foi obrigado a fornecer uma chopada para os pioneiros integrantes da banda no final do desfile.
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3 Comments
Não sabia desses detalhes importantes e atrativos turísticos de Piracicaba, só conhecia a ESALQ onde participei de um congresso estudantil em 1972. Estimulou uma volta à cidade. Parabéns ao autor Cako Machini.
Agradeço seu conceito e comentário. Vá sim, visite Piracicaba, aproveite que a edição 2018 do Salão do Humor está sendo realizada.
[…] passeio de um dia no estilo “bate e volta”. Vejam outras opções. Amparo, Pedreira, Piracicaba, Paranapiacaba, Cachoeira de Emas, Leia sobre cada uma […]